No mês em que os protestantes e evangélicos de forma geral comemoram a Reforma Protestante, um dos temas mais discutidos em diversos ambientes é a origem dos Batistas. Neste contexto, ainda temos um caso mais específico que é a divisão entre batistas gerais (que creem na expiação ilimitada) e batistas particulares (que creem na expiação limitada, comum e erroneamente chamados de batistas calvinistas ou reformados). As paixões teológicas (principalmente dos particulares) e de vez em quando a paixão acadêmica (quando um acadêmico “nosso” ou da “nossa turma” fala) parece tornar o debate cada vez mais coisa de “torcida organizada”, ao invés de uma exposição de argumentos e testemunhos históricos sobre a origem dos batistas. Em geral batistas particulares, e alguns de outras linhas, entendem que o movimento batista é proveniente da Reforma Protestante, sendo originário dos movimentos separatistas, e nada tendo em comum com o anabatismo ou com o movimento anabatista. Há, muitas vezes, alguns motivos injustos, quando não desonestos, em negar tal ligação pelo fato de que os batistas gerais (que em geral tem mais aceitação quanto a sucessão anabatista e surgiram “primeiro”) e anabatistas não terem sido adeptos aos pontos da teologia denominada calvinista (eminentemente no aspecto soteriológico). De fato essa repulsa parece ser algo que se iniciou na história no século XVII (falaremos um pouco mais sobre isso adiante) e apresenta-se hoje com argumentos que são superficiais e fracos para negar tal sucessão. Há também aqui uma influência argumentativa oriunda da aproximação dos batistas particulares com grupos provenientes da reforma (como presbiterianos), dentre os quais alguns não possuem qualquer interesse em manter ou testemunhar a favor do vínculo histórico batista antes da Reforma, sob pena de admitir de que haviam sim pessoas fora da Igreja Católica Apostólica Romana que guardavam o evangelho. A ORIGEM DO NOME BATISTA A origem do nome é um dos pontos controversos dessa questão. Afirma-se que antes de John Smith não existiam batistas ou essa denominação, portanto o nome batista constar em “anabatista” é tão somente coincidência. Muitos também afirmam não haver uma origem “orgânica” do termo, isto é, anabatistas não tem relação com a origem dos batistas porque os “batistas gerais” originaram-se com John Smith e Thomas Hewlys, enquanto os “batistas particulares” teriam se originado com Henry Jacob, não tendo, portanto, qualquer ligação orgânica (formação de igreja ou membros anabatistas) com os anabatistas, sobre isto discorreremos adiante. Sobre a primeira afirmação é facilmente provado que o termo “batista” já era usado antes de John Smith, corroborando a afirmativa histórica de que o nome batista deriva do termo anabatista. Para não haver apenas a afirmação vamos demonstrar alguns testemunhos anteriores a John Smith sobre o uso do nome “batista”. Tais testemunhos são definitivos para vermos que o nome já era usado bem antes do suposto surgimento dos batistas na Inglaterra em 1609 (marque esta data e compare com os textos testemunhos a seguir). No início do século XVI o nome de “batista” já era dado aos anabatistas em algumas partes da Europa. O reformador Zwinglio e outras testemunhas da época (como Henrich Bullinger) são bons exemplos disso. Na província protestante de St. Gall, um decreto datado de 09 de Setembro de 1527, retirado da coletânea de manuscritos históricos de Johann Jakob Simmler, historiador alemão que era descendente de Josias Simmler, cantão de Zurique na época de Zwinglio, afirmava o seguinte: “Para que a perigosa, perversa, sediciosa e turbulenta seita dos Batistas possa ser erradicada, nós decretamos: Se alguém for suspeito de rebatismo, tal deve ser avisado pelo magistrado a deixar o território sob pena de punição designada. Todas as pessoas são obrigadas a denunciar os que são favoráveis ao rebatismo. Quem não cumprir esta ordem é passível de punição de acordo com a sentença do magistrado. Os que ensinam o rebatismo, pregadores dele e líderes de reuniões devem ser afogados. Os que já dantes foram soltos da prisão devem desistir de tais práticas. Os Batistas estrangeiros serão expulsos, se retornarem devem ser afogados. A ninguém será permitido deixar a igreja [Zwinglinana] e se abster da Santa Ceia. Os que fugirem de uma jurisdição à outra devem ser banidos ou extraditados mediante solicitação.”[1] Logo depois, em 1530, houve outro decreto, este testemunhado por Henrich Bullinger (1504-1575), sucessor de Zwinglio na igreja suíça, o qual diz: “Todos que aderirem à falsa seita dos Batistas, e comparecerem à suas reuniões, devem sofrer os castigos mais severos. Líderes Batistas, seus seguidores e os seus protetores devem ser afogados sem misericórdia. Aqueles que, no entanto, os ajudarem ou deixarem de denunciá-los ou de prendê-los devem ser punidos, tanto fisicamente quanto nos seus bens, como sujeitos injustos e infiéis.”[2]. Testemunhos apontam que a mudança do nome “anabatista” para “batista” demorou cerca de 100 anos para consolidar-se (1527-1620). Esta é a época chave para determinar a origem anabatista os batistas (gerais e particulares). Há então que atentar-se aos testemunhos e contexto histórico desta época. Os anabatistas na Inglaterra, a exemplo dos continentais, também eram chamados de “Batistas” já no século XVI. William Cecil (1520-1598) era um amigo íntimo da Rainha Elizabeth I (1533-1603) e conselheiro chefe de Sua Majestade, ocupava um alto cargo da corte (secretário de Estado da Inglaterra) em 1569 escreveu um memorando, que se encontra citado na obra de Samuel Haynes com os documentos oficiais do período, dizendo: “As próximas imperfeições se encontram aqui em casa, são estas: o Estado da Religião que se encontra por muitas maneiras enfraquecido pela ousadia ao serviço a Deus; pelo aumento de número e de coragem dos Batistas e criminosos da religião, e finalmente, pelo aumento de irreligiosos e epicureus.”[3] Esta citação prova que os anabatistas já vinham sendo denominados Batistas desde, pelo menos 1569, o que põe em cheque a afirmação de que não há relação entre os termos batista e anabatista. É uma ingloriosa tarefa refazer a história de doutrina e sucessão anabatista na Inglaterra devido à forte perseguição contra esses grupos no século XVI. A revolução provocada pelo ex-luterano Munster na Alemanha, e precipitadamente colocada na conta de todos anabatistas, gerou uma perseguição ferrenha no continente e não foi diferente na ilha bretã. As origens dos anabatistas na Inglaterra remontam a 1530. AS TEORIAS EXISTENTES São três as teorias existentes sobre a origem batista: a primeira defende que os batistas tiveram sua origem com os separatistas britânicos, tal teoria é defendida por alguns batistas como H. Leon McBeth, B. R. White, Chris Traffandetst, Michael A. G. Haykin, Henry C. Vedder, Robert G. Torbet, etc. Tais sustentam a teoria de que os batistas hoje em dia na América do Norte e do Sul descendem de um grupo separatista que deu origem aos batistas na Inglaterra no século XVII. Esta é proposta mais jovem e teve sua ascensão no século passado, hoje sendo a mais difundida no meio acadêmico. A segunda teoria é a do sucessionismo histórico. Ela afirma que os batistas vieram de uma linhagem ininterrupta desde os primórdios do cristianismo (teoria JJJ “João, Jordão, Jerusalém”), defendida por historiadores como: J. R. Graves, G. H. Orchard, S. H. Ford, William M. Nevins, etc. A teoria do sucessionismo tomou força a partir do movimento conhecido como “landmarkismo” (que se iniciou no meio do século XIX entre os batistas com J. R. Graves, tendo seu mais conhecido expoente J. M. Carrol), os defensores deste movimento partem da premissa de continuidade visível desde João Batista da igreja Batista. Produziu aberrações doutrinárias como a tese da “Noiva-Batista”. Mas também trouxe reforço para as teorias sobre origem anabatista. Hoje em dia é mais rejeitada do que aceita no mundo acadêmico. A terceira é a teoria de origem anabatista, que pode ser compreendida por aqueles que creem numa origem nos grupos anabatistas que vieram da Idade Média. Aqui temos duas posições: uma de sucessão espiritual e outra de sucessão orgânica. Os defensores da teoria anabatistas são: Thomas Crosby, William R. Estep, Michael Yarnel III, L. Paige Patterson, David Benedict, Richard Cook, etc. Esta proposta teve origem no século XVIII, com Thomas Crosby (considerado o primeiro historiador batista) e parece ser o equilíbrio entre a primeira e a segunda. A análise deste artigo baseia-se nesta terceira proposta. OS ANABATISTAS INGLESES NO FIM DO SÉCULO XVI No fim do século XVI, tínhamos na Inglaterra uma celeuma religiosa entre protestantes, católicos e outros (anabatistas, setores da igreja da Inglaterra não conformados e grupos separatistas). Durante o reinado de Rainha Elisabeth I (1558-1603) houve um decreto em acordo com o clero da igreja da Inglaterra no qual todos os batistas/anabatistas e demais heréticos deveriam sair do país sob a pena de serem aprisionados e seus bens tomados. Thomas Crosby diz que “muitos dos dissidentes foram para a Holanda, não poucos batistas ingleses e holandeses, de modo que agora nenhum número de dissidentes de qualquer denominação ousava aparecer”[4]. Nesta citação está a chave para saber a verdadeira origem dos batistas na Inglaterra (e por consequência dos batistas gerais e particulares). Vamos recapitular algumas coisas aqui: 1) Os anabatistas já estavam sendo chamados de batistas tanto no continente quanto na Inglaterra. 2) Muitos historiadores concordam que a chegada dos anabatistas à ilha bretã foi o que fez com que se iniciasse a cultura dos separatistas, inconformistas e demais anabatistas (o próprio William Tyndale aderiu aos ritos e algumas crenças anabatistas, e assim era chamado). Portanto, o fato de que todos estes grupos passaram a ser chamados de simplesmente “puritanos” ou “separatistas” no fim do século XVI não significa que não havia mais a influência anabatista ou mesmo anabatistas ali (estes mesmos grupos foram formados sob a influência e organicamente por anabatistas ingleses). Thomas Crosby diz que “eles [os batistas] estavam envolvidos em todas as perseguições causadas por causa dos “inconformistas”, sob o nome geral de puritanos. Pois todos aqueles que se recusaram a se conformar com a igreja da Inglaterra eram contados como ‘puritanos’”.[5] Em resumo: os puritanos e inconformistas no século XVI era chamados de anabatistas e os anabatistas que restaram na Inglaterra no fim do século XVI e início do século XVII eram chamados de “puritanos”. Foram estes “puritanos” (que compreendiam desde anabatistas até reformados) que foram para a colônia da Nova Inglaterra (atual EUA) para fugir da perseguição dos governos ingleses no início do século XVII. O rei Tiago I da Inglaterra (Tiago IV na Escócia, reinou de 1603-1625) tentou incorporar estes anabatistas à Igreja da Inglaterra sem sucesso. Esta junção entre separatistas (anabatistas, puritanos, brownistas, etc.) parece ter ido até 1608, quando em um documento escrito pelo teólogo e escritor Henoch Clapham (1545-1614) distinguiu os puritanos e inconformistas dos anabatistas. Nos diálogos contidos nas obras de Clapham é evidente que os anabatistas estavam inseridos nos grupos “não-conformistas” e puritanos, não somente isso, mas os anabatistas são concebidos na obra como sendo da Holanda e originários de Norwich, contados juntos com os ‘Brownistas’ (outro grupo na Inglaterra, veremos mais adiante sobre eles) que transparece ter a mesma prática e fé dos anabatistas ingleses. Nos diálogos o anabatista diz: “[Sou] da verdadeira religião cristã, comumente chamada Anabatismo”,[6] também se identifica com os continentais anabatistas holandeses. O fato aqui a se destacar é essa proximidade entre os diversos grupos que estavam fora da igreja da Inglaterra neste início do século XVI. JOHN SMITH, THOMAS HEWLYS E A LIGAÇÃO ANABATISTA No início do século XVII a história apresenta John Smith e Thomas Hewlys, duas personalidades que influenciariam o rumo dos separatistas e anabatistas ingleses. Sobre John Smith é importante ressaltar que há vários fatos dos quais os historiadores discordam. Alguns dizem que ele foi batizado por um anabatista na Inglaterra, outros na Holanda, outros dizem que foi batizado por Thomas Hewlys, enquanto outros afirmam que ele se autobatizou, ou seja, há uma confusão sobre os fatos bibliográficos da vida de John Smith que não pode ser simplesmente ignorada. Os documentos acerca de clérigos e até leigos da Igreja da Inglaterra referentes a esta época são (em maioria) confusos e/ou inconsistentes devido à perseguição que havia para com os separatistas (anabatistas, puritanos, etc.). Os fatos eram camuflados ou omitidos a fim de não identificar alguém ou alguma denominação com um grupo alvo de perseguição. É um fato conhecido que muitas igrejas que tinham a mesma prática dos iniciais batistas ingleses já se encontravam em território inglês antes de Smith ou Hewlys aportarem com suas congregações por lá. Na Holanda os dissidentes ingleses (anabatistas/separatistas) tinham criado igrejas em quantidades razoáveis. Havia igrejas inglesas em Leiden e Amsterdã que eram pastoreadas por John Robinson (o famoso “pai dos peregrinos”), Francis Johnson e Henry Ainsworth. John Smith foi à Holanda da mesma forma que os brownistas Johnson e Ainsworth, mas se deparou com um problema nestas igrejas: os brownistas negavam a veracidade da Igreja da Inglaterra, suas ordenações, ministros e batismos, sendo que quando alguém da Igreja da Inglaterra chegava a eles era então refeita a ordenação ao ministério, mas não o rebatizavam. Isso fez com que Smith rejeitasse o batismo deles como verdadeiro visto que eles aceitavam o batismo falso da igreja da Inglaterra. John Smith entrou em debates com Robinson, Johnson, Ainsworth e outros brownistas por conta dessa discordância. Logo após ele teria se autobatizado junto com sua congregação, mas depois também rejeitou este batismo e foi juntou-se aos anabatistas menonitas. O grupo de anabatistas separatistas que veio da Inglaterra com Smith e Hewlys uniu-se a um grupo de anabatistas continentais (menonitas) e congregaram nesta igreja por cerca de dois anos, reunindo-se na antiga fábrica de massas de Jan Munster[7]. Thomas Hewlys, após algum tempo congregado com menonitas, começou a discordar de alguns aspectos da teologia menonita (em especial sobre reencarnação e a repulsa e condenação do serviço secular concernente ao Estado), também teve alguns conflitos com Smith. Este se mostrava indeciso em sua teologia e volátil, tal característica o levou a aceitar toda a teologia anabatista menonita (muitos de sua congregação inclusive assinaram a declaração de fé dos anabatistas waterlanders algum tempo depois), isso irritou Hewlys (que tinha financiado a fuga para Holanda) que tentou fazer com que os que seguiam Smith não fossem aceitos pelas outras comunidades anabatistas, mas foi em vão. Hewlys via-se como participante da igreja anabatista continental ao ponto de solicitar e enviar cartas pedindo que revissem sua posição acerca de Smith (que ele considerava estar errado). Quando enviou cartas aos anabatistas menonitas e waterlanders disse: “A Igreja inglesa [batista] para a igreja holandesa [anabatista] em Amsterdã. Graças para vós e paz de Deus, nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Queridos irmãos no vínculo da fé (aquela da qual viemos), mostra que procedemos do mesmo princípio. Confesso que vós nos excedeis em todas as coisas, de acordo com a medida de conhecimento e graça que Deus nos deu e dará. Esperando de vós informações como devemos obter“[8]. Hewlys também assinou outra carta, com a participação de William Piggot, Thomas Seamer e John Murton aos menonitas que dizia: “Estamos muitos saudosos, desde nossa ultima reunião com vocês [congregação menonita]. Porque nós desonramos a verdade de Deus, muito porque queríamos falar daquilo que não somos capazes pela pouca medida de conhecimento, que Deus em Sua graça nos deu”[9]. Aqui fica claro a junção dos “primeiros batistas” e os anabatistas. John Smith juntou-se em definitivo à igreja anabatista da Holanda, enquanto Hewlys, embora tenha voltado à Inglaterra, reconhecia-os como sendo da mesma fé e origem. Inclusive, membros da igreja batista inglesa foram pra igreja anabatista holandesa (como Jane Murton), provando mais uma vez a latelaridade desses dois movimentos. Teóricos de outra linha sobre a origem batista reconhecem que os batistas foram iniciados junto com a igreja anabatista holandesa, como Chris Traffantedst: “Em 1609, Smyth, juntamente com um grupo na Holanda [anabatistas holandeses], passou a crer no batismo de crentes (em oposição ao batismo infantil que era a norma naquele momento) e eles se uniram para formar a primeira igreja "Batista"”[10] e J. H. Shakspeare: “Mennon Simons resgatou do quebrado anabatismo elementos sãos e saudáveis, originou assim a Igreja Menonita, com a qual as primeiras Igrejas Batistas inglesas no início do século XVII estavam em comunhão.”[11] HENRY JACOB, OS BATISTAS PARTICULARES E OS ANABATISTAS Retomemos, então, alguns fatos já apresentados: 1) Os grupos “não conformistas” na Inglaterra no fim do século XVI e início do século XVII eram chamados de “anabatistas”, “separatistas” ou “puritanos”. 2) O nome batista foi usado para definir esses grupos na Inglaterra. 3) Separatistas, via de regra, se juntavam aos anabatistas continentais indicando uma cumplicidade histórica e visível. O grupo que deu origem aos batistas particulares foi o dos brownistas (de onde Henry Jacob veio). Robert Browne foi um clérigo da Igreja da Inglaterra, nasceu em 1550, bem educado e de boa família rejeitou a hierarquia da Igreja da Inglaterra, influenciado pelos ensinos do puritano Thomas Cartwright. Foi atraído ao condado de Norfolk com a notícia que a reforma tinha avançado por lá. Mudou-se para Norwich e, juntamente com um grupo de refugiados holandeses (muitos anabatistas continentais), fundou uma igreja, conforme comenta o historiador Douglas Campbell: “Eles [Browne e seu grupo] tinham uma igreja própria, e eram independentes dos bispos, muitos deles eram anabatistas”.[12] Em 1581 Browne partiu com parte da congregação para Midelburgo na região da Zelândia, sudoeste da Holanda, onde ficou por dois anos. Voltou para a Inglaterra passando pela Escócia e finalmente retornando para a Igreja da Inglaterra como clérigo (ressaltando pontos importantes aqui: 1) a congregação de Browne era formada por crentes anabatistas; 2) Browne e os congregacionais aderiram à doutrinas eminentemente anabatistas). O historiador congregacional Henry Martyn Dexter confirma essa composição da congregação de Browne: “Antes de deixar Norwich, pode ser acrescentado que quase todos os escritores sobre Browne o tem representado como pregando primeiro à população holandesa que era de inclinação anabatista e deles deixando seus próprios compatriotas”[13]. Embora haja algumas outras opiniões sobre a origem dos brownistas, parece ser fato comprovado a participação anabatista, tanto no campo de influência de ideias quanto no campo orgânico de formação da primeira congregação brownista. A congregação de maioria anabatista reunida fez de Browne seu pastor e Robert Harrison mestre: “Eles elegeram Robert Browne como seu pastor e Robert Harrison como mestre. Organizaram a ordem de seus serviços como eles sentiam que Cristo desejaria por eles”.[14] Depois de instalada esta igreja em Norwich, Browne foi preso e, devido a forte perseguição, sua comunidade eclesiástica com cerca de 60 membros, sob a liderança de Richard Harisson, emigrou para a Holanda, fundando lá uma igreja com os mesmos princípios. Browne assim que foi solto da prisão também emigrou para a Holanda e ajuntou-se a eles. Em seguida voltou para a Escócia junto com alguns da igreja holandesa, mas acabou voltando para a Igreja da Inglaterra como clérigo. No entanto, o grupo dos brownistas cresceu e vários aderiram a esse movimento, sob a influência dos escritos de Browne e de seu grupo como: Francis Johnson, Henry Barrow, John Greenwood e John Robison. Johnson, Barrow e Greenwood fundaram uma igreja em Londres. Barrow e Greenwood foram degolados, Johnson se juntou a igreja brownista na Holanda no exílio junto com Henry Ainsworth. John Robinson teve seu contato com os brownistas quando esteve em Norwich em 1604. Depois voltou para a região de Notthingamshire e Gainsborough, onde tinham como pastor John Smith e ajudou a reunir um grupo. Alguns historiadores afirmam que, por questões de distância e de fuga para a Holanda o grupo de Smith se dividiu em dois, ficando uma parte sob a liderança de Robinson. Este grupo de Robinson emigrou para Leyden na Holanda, muitos da região fortemente influenciada pelos brownistas e anabatistas de Norfolk e Norwich se juntaram a eles. James R. Coggins diz que “o maior grupo [de ingleses de outras partes que se juntaram a Robinson para emigrar] veio de Norfolk, provavelmente muitos desses eram os primeiros membros [da igreja de Robinson] de Norwich”[15]. Esta igreja instalada em Leyden foi a que influenciou Henry Jacob. Henry Jacob era um clérigo puritano que a princípio participou da igreja da Inglaterra, mas depois se afastou e foi exilado para a Holanda em 1593 (nos exílios já mencionados anteriormente). Era um teólogo que queria reformar a igreja inglesa, mas que acabou por aceitar o separatismo e em 1616 voltou para a Inglaterra depois de estar com Robinson e disposto a iniciar uma congregação nos moldes da congregação de Robinson. Inicia-se assim a igreja JLJ (sigla que fazia referencia aos seus três primeiros pastores: Henry Jacob, John Lathrop, e Henry Jessey) considerada a primeira igreja congregacional moderna (assim como no âmbito batista, temos uma controvérsia quanto à origem dos congregacionais, alguns dizem ser do século XIII, outros que foram descendentes dos próprios seguidores de Wyclife, outros dos Huteritas, e demais teorias, fato é que a história dos congregacionais tende a ser tão objeto de controvérsia quanto a dos batistas) e “mãe” das igrejas batistas particulares. Em todo o caso, há na origem dos congregacionais (com Browne e Robinson em Norwich) uma grande influência anabatista além de formação de igrejas com crentes anabatistas. Além disso, os batistas, mesmos os calvinistas em sua origem, foram sempre identificados com a alcunha “anabatista”. Por exemplo, Leonard Busher, um separatista aderente ao credobatismo e imersionista, amigo de John Smith e Thomas Hewlys, mas que tinha inclinações calvinistas, é identificado como anabatista por Christopher Lawne, contemporâneo de Busher e dos demais citados[16], escreveu uma obra sobre tolerância religiosa denominada Religious Peace; or, a Plea for Liberty of Conscience, long since presented to King James and the High Court of Parliament then sitting, mesmo sendo um batista particular se juntou a igreja batista geral de Hewlys. Não somente isso, temos também os testemunhos dos próprios batistas particulares. Não poucas vezes William Kiffin foi chamado “anabatista” e não vemos em seus escritos alguma reação enérgica contra isso, sendo chamado “pregador anabatista” por William Orme[17]. John Norcott, outro importante batista particular, assinou uma declaração anabatista isso já em 1657 denominada “Declaração de muitos do povo chamado anabatista”[18]. Alguns afirmam que este John Norcott foi batizado jovem por John Smith, e era um dos da congregação (que veio a se tornar a primeira igreja batista) ele foi “batizado às duas da manhã, no rio Torne [Linconlshire] por John Smith, vigário tardio de Gainsborough”[19], tendo depois se juntado a igreja de John Spilsbury (que veio da igreja JLJ dantes mencionada) e o sucedido na igreja batista em Old-Gravel-Lane em Wapping, Londres. Temos também o exemplo do famoso John Bunyan que afirmou ele mesmo ser um anabatista: “eu mesmo me ponho sob este nome”[20]. Benjamin Keach também em sua obra na qual responde a um acusador contra o batismo de crentes, defende-se pondo como um anabatista, ele afirma: “Você diz: ‘os anabatistas afirmam que o batismo infantil é ilegal porque é inútil. Crianças não entendem mais do que uma besta bruta o que é feito por eles. Portanto é tão confiável batizar uma besta quanto uma criança’, p.34. E então você diz que o batismo infantil é muito vantajoso como ato de iniciação na Igreja Visível, p. 35. Resposta nr. 1) Você não possui qualquer garantia de batizar um criança, mas quem dos anabatistas disse estas palavras que você mencionou? Ousa acusar seus próximos falsamente? Tal comparação é má e indecorosa. Mas não é surpreendente que encontremos isto vindo dos que estão nos prejudicando. Alguns de seus irmãos anteriormente nos acusavam de batizar-nos nus. Deus julgará entre nós e vocês no tempo certo.”[21] Embora muitas vezes rejeitava-se a alcunha anabatista (veremos porque disso adiante) eles se autodenominavam muitas vezes como desta crença ou grupo. A IMPORTÂNCIA DA INFLUÊNCIA E DOS CRENTES ANABATISTAS NA FORMAÇÃO DA IGREJA BATISTA Há uma relação de origem tanto doutrinária (separação igreja-estado, batismo de crentes e eclesiologia) quanto orgânica (anabatistas holandeses formaram a primeira igreja batista na Holanda que deu origem a primeira igreja batista na Inglaterra, anabatistas estavam na primeira igreja que deu origem aos brownistas, que deram origem aos congregacionais e batistas particulares) tanto entre os batistas gerais quanto os particulares. OBJEÇÕES À ORIGEM ANABATISTA Objeção #1 Os Batistas ingleses não gostavam ou não queriam ser chamados anabatistas, suas confissões de fé parecem indicar uma repulsa ao nome. Este é um dos fortes obstáculos à origem anabatista, a confissão de Fé de 1644, alguns outros textos de ícones batistas e etc., parecem negar a conexão anabatista, existia uma forte repulsa ao nome, paradoxalmente parecia em certos textos que os batistas do século XVII não se importavam em serem taxados como anabatista. A pergunta seria: porque eles às vezes adotavam o nome, e às vezes o rejeitavam? A resposta é bem plausível dado o contexto da época em que viviam. O nome “anabatista” não era um título ou identificação somente, e sim algo pernicioso e injurioso. No século XVI havia tido uma revolução camponesa, falsa e equivocadamente colocada na conta dos anabatistas, essa generalização foi repassada dos seus inimigos (protestantes e católicos de forma geral) como um instrumento para denegrir sua imagem e espalhar a infâmia de que anabatistas eram baderneiros sociais e revolucionários perigosos. Tal fama injusta se espalhou e fez com que tais fossem perseguidos e mortos. No século posterior, muito em razão da Holanda ter aderido a uma tolerância religiosa (o que até provocou mal-estar com a Inglaterra, sua aliada) e os anabatistas viverem nas terras holandesas por anos sem provocar qualquer tipo de distúrbio ou coisa do tipo provando que não eram tais perturbadores, a tolerância com os tais foi aumentando. Isto durou até em meados de 1630 e 1640 quando, na Inglaterra, iniciou-se outra campanha difamatória devido à ascensão e aumento das igrejas batistas. O ponto alto desta campanha encontra-se na obra “The Dippers Dipt” onde Daniel Featley, puritano e pertencente à Igreja da Inglaterra (estatal) que estava contra os batistas da época numa disputa com o batista William Kiffin e outros, insinua que as penas capitais aplicadas aos anabatistas eram prova cabal de sua “heresia” de rebatismo e insinua que os tais que assassinaram anabatistas não estavam errados[22]. Panfletos contra os anabatistas (como A Warning for England, especially for London; in the famous History of the frantick Anabaptists, their wild Preachings and Practices in Germany) estavam sendo distribuídos desde o final da década de 30 e no início da de 40 do século XVII. Assassinatos, sedições e revoltas estavam todas sendo colocadas como culpa dos anabatistas. O famoso historiador Philip Schaff também afirma não só a origem anabatista como o medo de ser identificado com os tais dos batistas[23] (ver apêndice). Então é facilmente compreensível que houvesse este dúbio comportamento entre os batistas (tanto gerais quanto particulares), em documentos oficiais e debates em geral se negavam o título, mas quando eram textos de cunho pessoal ou em algum deslize, eles afirmavam ser anabatistas ou eram identificados como tal (ver apêndice). Objeção #2 Há divergências de doutrina batista e anabatista Afirma-se que, embora haja uma similaridade de doutrina concernente ao batismo de crente e a concepção de igreja local e rejeição às doutrinas católicas romanas, ainda assim há muitas diferenças doutrinárias entre ambos os grupos (batistas e anabatistas). Em primeiro lugar: a diferença prática e doutrinária não significa que não haja uma sucessão ou origem entre dois grupos ou igrejas. Esse argumento já erra em sua premissa. Por exemplo: o caso da Igreja ortodoxa e católica, obviamente há diferenças significativas entre essas igrejas como a visão sobre a Trindade, o pecado, o primado papal, o magistério, etc., no entanto, ninguém afirma em sã consciência que as duas não têm ligação alguma ou que não vieram da mesma origem. Portanto tal argumento não invalida, sob qualquer aspecto, a origem ou sucessão anabatista dos batistas. Ainda assim há que se destacar que tais “diferenças” muitas vezes são falaciosas. Lembremos que a maioria dos escritos e descrições que temos sobre grupos anabatistas da Idade Média e da Reforma, ou pelo menos a maioria em que se baseiam as afirmações desse tipo, foram produzidos por seus inimigos (Católicos e reformadores) o historiador anabatista Franklin H. Littel resume bem isso: “Os escritos e documentos do movimento [anabatista] foram suprimidos com sucesso enquanto as polêmicas de seus inimigos tiveram ampla circulação e foram rapidamente traduzidas em vários idiomas (incluindo o inglês)”[24]. Então há que se ter muito cuidado quanto a se tomar tais testemunhos, ver quais realmente são dignos de confiança. Existem dois pontos doutrinários bem atacados e muitas vezes, seja por ignorância, seja por desonestidade, ou repetidos como sendo heréticos na doutrina anabatista: depravação humana e justificação pela fé. A questão doutrinária do pecado, depravação e justificação nos anabatistas passa por uma série de repetições de que tais não criam no pecado original e na depravação humana. Isto não é de fato verdade, a partir tanto dos escritos como de pregações dos anabatistas vemos que o novo nascimento sempre era pregado. Mennon Simons diz “Antes que uma ressurreição dos mortos possa ocorrer, a morte do corpo é necessária, e antes da morte, a doença, a dor e a tribulação devem preceder, que tendem a tornar a morte ainda mais amarga para a carne. Da mesma forma, no sentido espiritual, não pode haver ressurreição do pecado e da morte, a menos que este corpo de pecado seja destruído e enterrado pela primeira vez, e tenha suportado sensivelmente a dor e o peso do pecado, que é tristeza de coração, remorso e arrependimento sincero por conta do pecado, como é evidentemente mostrado nas Escrituras”.[25] Mennon Simons também afirma sobre a justificação somente pela fé aceitando assim o sola fide contra outra acusação de seus inimigos: “Pois a nossa doutrina e publicações testemunham abundantemente que nós e a igreja de Deus não temos tal pensamento [salvação pela fé e boas obras], mas que buscamos justificação somente em Cristo Jesus e este crucificado”.[26] Mais a frente ele reclama das falsas acusações e ataques aos anabatistas: “Ó querido Senhor, por quanto tempo as acusações tão amargas e invejosas e os falsos ataques continuarão?”[27]. Baltasar Hubmaier, outro líder anabatista afirma que: “A fé por si só nos torna santos perante Deus. Esta fé é o reconhecimento da misericórdia de Deus, que ele nos mostrou em Seu Filho unigênito”.[28] Poderíamos continuar dando referências sobre diversas outras afirmações falsas mas vamos nos ater a essas e concluir que a justificação somente pela fé e a necessidade de regeneração era intrínseco a doutrina dos anabatistas. A questão sobre o batismo é um pouco mais atacada e importante, afinal de contas uma das características similares entre batistas e anabatistas era o batismo de crentes. Então se assume uma forte ligação por tal ordenança. É sempre dito e repetido nos meios até “acadêmicos” que anabatistas batizavam por aspersão (ao invés de imersão) e que a prática de imersão só teria entrado no meio batista após a confissão de fé de 1644. Isto não procede, na verdade os testemunhos apontam em outra direção. Abaixo, mostramos alguns testemunhos da época sobre o batismo dos anabatistas e alguns historiadores para comprovar que o batismo por imersão era praticado (já que o batismo de crentes não há dúvida que era uma característica comprovada). Primeiramente vamos citar um pastor luterano: Johannes Kessler (1502-1574), ele escreveu algumas obras dentre as quais cronicas compiladas denominadas “Sabbatta”, no volume 2 destas crônicas citadas na obra Gerchichte der Taufe (“História do batismo”) ele afirma sobre Wolfgang Ulimann, um cristão, que quando foi batizado pelo pastor anabatista Conrad Grebel foi “mergulhado e coberto pelas águas do rio Reno”[29]. L'Abbe Fleury um historiador católico afirma “Foi a chamada heresia dos anabatistas, porque este nome foi atribuído a tal seita... como muitos deles deram esse nome [batismo] a esse fato, mergulhar de novo na sagrada fonte, por isso eram chamados Anabatistas”.[30] Um livro chamado “Sum of the Holy Scripture”, datado de 1523, publicado em alemão e traduzido para o inglês diz o seguinte “As águas do batismo não tiram nossos pecados como se fossem águas preciosas... nós somos mergulhados na água... prometeu fazer quando somos batizados e tem o mesmo significado para nós, somos mergulhados na água”.[31] Obviamente os anabatistas não eram um grupo organizado e único, havia variações e possivelmente alguns praticavam a aspersão, mas não dá para negar que a imersão era também praticada no batismo anabatista. Ou seja, não há base em se afirmar que a imersão dos batistas veio somente em 1644. Além disso, a própria forma de execução dos anabatistas, denominada “terceiro batismo” consistia em mergulhar os crentes anabatistas nos rios com grilhões e pedras amarradas para que se afogassem. Isso foi praticado tanto por católicos quanto por protestantes. Objeção #3 Os anabatistas existem hoje e não possuem comunhão com os batistas R: Tal objeção não deveria nem ser levada a sério. Em primeiro lugar porque nunca se afirma que batistas são anabatistas e sim que vieram dos anabatistas, portanto, o fato de existir anabatistas hoje não exclui a origem anabatista dos batistas. Em segundo lugar porque isto não é de fato verdade, a BWA (Baptist World Aliance) já até convidou a Menonnite World Conference (MWC) para um diálogo, convite que foi aceito e hoje em dia há uma aproximação. Existe hoje até conferências anabatistas em igrejas batistas e vice-versa. CONCLUSÃO Perante tais evidências apresentadas acima e testemunhos mais do que suficientes (fora os que foram omitidos aqui para não alongar este texto) podemos certamente afirmar que os anabatistas estavam sim presentes nas origens e formação tanto das igrejas batistas quanto do pensamento batista. Os testemunhos da época e depois, os escritos, as evidências apontam afirmativamente nesta direção. Negar tal fato me parece lutar contra a própria História. Independente desse fato, para nós os batistas, não é a ligação orgânica que faz uma igreja ser verdadeira ou não e sim sua sujeição única e exclusivamente à autoridade da Escritura. Todas as menções entre colchetes são adições do autor deste texto e não fazem parte do texto original. Feitas para melhor compreensão. ANEXO - OS TESTEMUNHOS DE NÃO-BATISTAS SOBRE A ORIGEM BATISTA ANABATISTA MATTHEW SANDERS & CUTHBERT HUTTER (1611) “Ms. Smith [John Smith] um anabatista de um tipo, Ms. Helwise [Thomas Hewlys] um anabatista de outro tipo e Ms. Busher[32] [Leonard Busher] de outro tipo.” Matthew Saunders & Cuthberth Hutten in their letter to Johnson´s Church [Lawne´s Prophane Schisme, p. 56] under date of 8 July, 1611 apud Henry Martyn Dexter, The Congregationalism In The Last Three Hundred Years As Seen Its In Literature, p. 322. ISAAC NEWTON (1643-1727) “Os Batistas modernos, anteriormente chamados anabatistas, são os únicos que nunca concordaram com o papado”. Isaac Newton citado por William Whiston, MEMOIRS OF WHISTON (W. A. Jarrell, op. cit), p. 313. EDMUND CALAMY (1600-1666) “Se é justo que na luta de Deus e dos homens fingir um grande amor para com os anabatistas como o Major Pack e o Sr. Kiffin[33] e outros tantos que poderia citar, e ao mesmo tempo intentar o mal contra eles?” Edmund Calamy, History of England, apud Thomas Crosby, The History of English Baptists, vol. III, 1740, p. 236. JOHN GRAUNT (1645) “Percebo que você é um anabatista, então devo rapidamente cumprir minha promessa tardia, de fato, Mr. Morton, um professor da igreja anabatista em Newgate,[34] pois sua confissão compreendia todos os erros tardios dos arminianos...” John Graunt, Truth´s Victory Against Heresie, 1645, p.19. ALEXANDER CAMPBELL (1788-1866) “Podemos dizer mais razoavelmente sobre as ações sangrenteas dos católicos, calvinistas, luteranos, etc, e imputá-las aos seus seguidores, mais do que o Sr. Maccala nos disse sobre os alemães anabatistas, dos quais discordamos. E independente da existência deles, nuvens de testemunhas atesta o fato de que, desde antes da Reforma do papado e desde a era apostólica, os sentimentos dos Batistas e a prática do batismo tem uma contínua cadeia de defensores”. Alexander Campbell, A Public Debate On Christian Baptism, 1842, p. 339. DAVID BREWSTER (1781-1868) “Já deve ter ocorrido aos nossos leitores que os Batistas são a mesma seita de cristãos descritos anteriormente como Anabatistas. Mas é justo reconhecer que eles rejeitam este nome com desdém, e mantém que nenhuma forma de batismo adotada por outras igrejas são conforme as Escrituras, o batismo destas igrejas não é verdadeiro batismo. Portanto, na opinião deles, eles não ‘rebatizam’”. David Brewster, The Edinburgh Encyclopedia, 1820, vol III, p. 251. PHILLIP SCHAFF (1819-1893) “A falta em fazer essa distinção [revolucionários e os anabatistas] tem causado mal e feito com que batistas modernos neguem sua conexão com os batistas da Reforma, enquanto eles são descendentes dos [anabatistas] sóbrios e não tem motivo para se envergonharem de seus predecessores” Philip Schaff, The New Schaff-Herzog Encyclopedia, vol. I, p. 370. WILLIAM C. KING E OUTROS (1912) “A igreja batista moderna pode corretamente reivindicar sua atividade denominacional “organizada” como iniciante nos movimentos suiços [anabatistas]” (37) William C. King, ed., Crossing The Centuries, 1912, p. 174. NOTAS [1] Johann Jakob Simmler, Sammlung vol I, II, 449. [2] Henrich Bullinger, Reformationsgeschichte, II, 287. [3] Samuel Haynes, A Collection State Papers Relating to Affairs In The Reigns of: King Henry VIII, King Edward VI, Queen Mary, Queen Elisabeth, From year 1542 to 1570, Transcribed from original Letters and other authentic Memorials, left by William Cecil, Lord Burleigh, and now remaining at Hartfield House, in the Library of the Right Honorable the Present Earl of Saulsbury, 1740, p. 585-586. [4] Thomas Crosby, History of English Baptists, vol I, Cap. I, 1740, p. 79. [5] idem Cap. II, p. 82. [6] Errour On The Right Hand, Through a Preposterous Zeale, Acted by way of dialogue. Betweene 1 Mal-content and Flyer. 2 Flyer and Anabaptist. 3 Anabaptist & Legatine-arrian. 4 Flyer and Legatine-arrian. 5 Flier, Legaine-arria[n] & Familist. 6 Flyer and Familist. 7 Flyer and Mediocritie. Whereto is also added, certaine positions touching Church and Antichrist: as without the true holding thereof, it is impossible for a zelous soule, to avoid either schisme or faction. 1608, Henoch Clapham. [7] James R. Coggins, John Smith Congregation: English Separatism, Mennonite Influence, and the Elect Nation, Studies in Anabaptist and Mennonite History, Herald Press, 1991, p. 107-108. [8] idem 7, Appendix 5, Letter of Thomas Hewlys To The Menonites p. 171. [9] Jacob De Hoop Scheffer, History of Free Churchmen called the Brownist, Pilgrim Fathers and Baptists in the Dutch Republic, 1881, p. 153. [10] Chris Traffandetst, A Primer on Baptist History, The True Baptist Trail. [11] J. H. Shakespeare, Baptist and Congregational Pioneers, 1905, cap. I. [12] Douglas Campbell, The Puritan in Holland, England and America, vol. II, cap. XVI, p. 179-180. [13] Henry Martyn Dexter, The Congregationalism In The Last Three Hundred Years As Seen Its In Literature, lec. II “Robert Browne and his co-workers”, Harper & Brothers Plubishers, 1880, p.72. [14] Hugo R. Pruter, Neo-congregationalism, 3ª edição, St. Willibord's Press, 1973, p. 14. [15] ibid 7, p. 60. [16] Matthew Saunders & Cuthberth Hutten in their letter to Johnson´s Church [Lawne´s Prophane Schisme, p. 56] under date of 8 July, 1611 apud Henry Martyn Dexter, The Congregationalism In The Last Three Hundred Years As Seen Its In Literature, p. 322. [17] William Orme, Remarkable Passages In The Life of William Kiffin, Writte. [18] Pilgrim Pathways: Essays in Baptist History in Honour of B.R. White, ed. William H. Brackney, Paul S. Fiddes and John H. Y. Briggs, Mercer University Press, 1999, p. 185-186. [19] Henry Martyn Dexter, The True History of John Smyth The Se-Baptist, 1881, p. 66. [20] Robert Southey, Cromwell & Bunyan, Life of John Bunyan, p. 337. [21] Benjamin Keach, The rector rectified and corrected, or, Infant-baptism unlawful being a sober answer to a late pamphlet entituled An argumentative and practical discourse of infant-baptism, published by Mr. William Burkit, rector of Mildin in Suffolk: wherein all his arguments for pedobaptism are refuted and the necessity of immersion, i.e. dipping, is evidenced, and the people falsly called Anabaptists are cleared from those unjust reproaches and calumnies cast upon them: together with a reply to the Athenian gazette added to their 5th volume about infant-baptism: with some remarks upon Mr. John Flavel's last book in answer to Mr. Philip Cary, 1692, p. 141-142. [22] Daniel Featley, The Dippers Dipt, or, The Anabaptists duck'd and plung'd over head and ears, at a disputation in Southwark, etc, 1645, p. 57. [23] Philip Schaff, The New Schaff-Herzog Encyclopedia, vol. I, p. 370. [24] Franklin H. Littel, The Anabaptist View of Church, p. 148. [25] The Complete Works of Mennon Simons; Elkhart, Ind., 1871, A Plain Instruction from The Word of God, Concerning The Spiritual Ressurrection, and New or Heavenly Birth, The Spiritual Ressurection. [26] idem 25, Concerning Some Accusations Against Us. [27] ibid 26. [28] Baltasar Hubmaier, citado por William R. Estep, The Anabaptist History, Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1986, p. 145. [29] Johannes Kessler, Sabbatta, II, 266, apud Gerchichte der Taufe, p. 184. [30] L'Abbe Fleury, Historiae Ecclesiastiscs XXXIV, 282. [31] Sum of Scripture, British Museum. 4401 b. 2. [32] Smith e Hewlys eram batistas gerais, Busher um batista particular. [33] Kiffin é William Kiffin, pastor batista particular na época em Londres. E Major Pack é William Packer, reincorporado ao exército por Cromwell. [34] Morton é John Murton, sucessor de Thomas Hewlys na primeira igreja batista moderna mencionada, seus escritos influenciaram Roger Williams, fundador da igreja batista americana em Rhode Island. AUTOR:
SITRI SILAS BATISTA LOBATO SIQUEIRA é membro da Igreja Batista Regular da Fé em Pindamonhangaba, São Paulo. Gosta de estudar história da Igreja e exegese bíblica, casado e muito feliz. |
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