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QUAL É A CONFISSÃO DE FÉ DOS BATISTAS BRASILEIROS?
A Confissão de Fé batista utilizada atualmente pelos batistas no Brasil vai depender de qual associação ou convenção de igrejas estamos falando, pois cada uma possui sua própria declaração ou confissão de fé. A mais amplamente difundida e utilizada na atualidade é a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, aprovada em 1986, já que ela representa o maior grupo de batistas no país. No entanto, também existem os documentos de fé dos Batistas Regulares, Batistas Nacionais e Batistas Independentes, cada qual com sua própria confissão. Para conhecer a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, clique aqui.
qual foi a primeira confissão de fé dos batistas no brasil?
Entre as primeiras igrejas plantadas por missionários no Brasil (aproximadamente entre 1882 e 1916), não havia um documento que unificasse todas sob a mesma confissão de fé. Cada igreja podia subscrever a confissão que desejasse. Mesmo após a criação da Convenção Batista Brasileira (CBB), as igrejas continuaram sem uma confissão ou declaração doutrinária padrão promovida pela CBB até o ano de 1917. Ou seja, somente dez anos depois foi formulada a Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil, que, a partir desse momento, passou a ser subscrita por todas as igrejas arroladas na Convenção Batista Brasileira. A Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil é, basicamente, uma tradução da Confissão de Fé Batista de New Hampshire, de 1833, uma confissão de fé originalmente elaborada no estado de New Hampshire, nos Estados Unidos. Você pode ler o documento da primeira tiragem CLICANDO AQUI.
A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira é calvinista ou arminiana?
A resposta mais sincera e honesta é: nenhum dos dois. A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (1986) não é uma declaração nem calvinista nem arminiana. Contudo, é importante destacar que esse documento de fé dos batistas brasileiros apresenta pontos de influência de ambos os sistemas doutrinários. Estudos históricos e teológicos indicam que ele foi elaborado com a perspectiva de agregar batistas calvinistas, arminianos e outros grupos não calvinistas. Portanto, a Confissão de Fé — ou melhor, a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira — não é calvinista, assim como também não é arminiana.
A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA DE NEW HAMPSHITE (CONFISSÃO DE NEW HAMPSHIRE) DE 1833 FOI Adotada no brasil?
Algumas igrejas batistas plantadas pelos missionários pioneiros entre 1882 e 1917 utilizavam a tradução em português dessa confissão, especialmente as igrejas fundadas por Zacariah Clay Taylor. Contudo, essa declaração passou a ser aceita de maneira ampla apenas a partir de 1917, quando foi aprovada na Assembleia da Convenção Batista Brasileira, vindo a ser substituída em 1986 pela Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira.
a confissão de fé batista de new hampshire (confissão de new hampshite de 1833) É CALVINISTA?
Para dar uma resposta mais correta e honesta a essa pergunta, seria necessário desdobrá-la em outras perguntas, como: ela é totalmente calvinista (nos cinco pontos)?
Há influência da doutrina calvinista na confissão, mas a resposta mais honesta que podemos dar é que ela não é totalmente calvinista — ou talvez represente um calvinismo muito moderado (abrandado), com influência do arminianismo, sobretudo na questão da extensão da expiação.
É extremamente importante entender o contexto de formulação dessa confissão de fé. O. C. Wallace, pastor batista, historiador e muito envolvido na denominação dos batistas do sul dos Estados Unidos, afirmou que "durante meio século, as visões arminianas foram vigorosamente ensinadas em New Hampshire. A influência desse ensinamento modificou a compreensão do anterior calvinismo de outrora na Nova Inglaterra, mesmo em território onde o arminianismo ainda fora rejeitado.” (tradução livre, WALLACE, 1913, p. 7)
Os batistas daquela região dos Estados Unidos, na época específica da formulação do documento (primeira metade do século XIX), buscavam elaborar uma confissão que comportasse ministros e igrejas com posições teológicas diferentes. Na formulação, procurou-se colocar em segundo plano as diferenças teológicas mais agressivas e reafirmar pontos fundamentais, fazendo com que os batistas daquela época e daquela região, mesmo com suas posições teológicas distintas, pudessem se unir em torno de um corpus cooperado. O cenário apresentava cristãos reformados de outras denominações que se tornaram batistas e aqueles que estavam sendo fortemente influenciados pela teologia arminiana reformada na época. O teólogo Lucas Mourão afirma: “A Confissão de Fé de New Hampshire assume também o papel de ser um tratado teológico.”
Portanto, a Confissão de Fé de New Hampshire não é calvinista, mas também não é arminiana.
Veja este breve trecho de entrevista concedida pelo estudante de teologia Lucas Mourão:
“Eu vejo a CFBNH também como um tratado teológico do que como apenas uma confissão de fé propriamente dita, no sentido stricto sensu. Acho um pouco precipitado crer que a confissão seja apenas uma concessão piedosa, abrandada, do calvinismo aos arminianos; não posso corroborar essa leitura. Eu a vejo como resultado de um esforço para unir, em cooperação, duas tradições batistas que tinham certas diferenças, mas cujos pontos fundamentais as uniam — ou seja, vejo como um tratado teológico mesmo, para tentar unir todos os lados.
Creio ser uma injustiça histórica tentar dizer que a CFBNH é estritamente calvinista, como alguns comentários aqui afirmam, assim como seria um erro de análise teológica classificá-la como arminiana. Hoje, poderíamos olhar e respeitar a confissão no sentido original de sua criação: unir, e não reafirmar uma teologia ou outra.
Infelizmente, alguns batistas querem usá-la como amuleto de sua preferência teológica, mas essa não era, ao que me parece, sua função original.
Ainda sobre o argumento de que ‘a solução intermediária, de que os batistas supostamente não são nem uma coisa nem outra, geralmente exclui um dos dois lados, tachando-o de radicalismo’, creio ser um falso dilema, que às vezes lamentavelmente não consegue conceber que há outras opiniões, opções ou posições teológicas para além da dicotomia calvinismo/arminianismo.
Defender apenas que o batista ou é arminiano ou é calvinista — creio que isso sim seja um radicalismo dicotômico. Hoje, eu mesmo não me sinto completamente contemplado nem pelo arminianismo nem pelo calvinismo. Se por arminianismo entendemos que a salvação se perde, eu não sou arminiano. Se por calvinismo entendemos que Cristo morreu apenas para um grupo seleto de eleitos e que há pessoas predestinadas ao inferno antes de nascer, eu não sou calvinista. Simples assim. Pessoas que têm essa posição — e creio que no Brasil não são poucas — também devem ter o direito de refletir teologicamente assim, sem que lhes sejam impostos esses falsos dilemas.”
(Lucas Mourão, formando em Teologia no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, pós-graduado lato sensu em Teologia Sistemática na Faculdade Batista de Minas Gerais, texto de 2024)
Há influência da doutrina calvinista na confissão, mas a resposta mais honesta que podemos dar é que ela não é totalmente calvinista — ou talvez represente um calvinismo muito moderado (abrandado), com influência do arminianismo, sobretudo na questão da extensão da expiação.
É extremamente importante entender o contexto de formulação dessa confissão de fé. O. C. Wallace, pastor batista, historiador e muito envolvido na denominação dos batistas do sul dos Estados Unidos, afirmou que "durante meio século, as visões arminianas foram vigorosamente ensinadas em New Hampshire. A influência desse ensinamento modificou a compreensão do anterior calvinismo de outrora na Nova Inglaterra, mesmo em território onde o arminianismo ainda fora rejeitado.” (tradução livre, WALLACE, 1913, p. 7)
Os batistas daquela região dos Estados Unidos, na época específica da formulação do documento (primeira metade do século XIX), buscavam elaborar uma confissão que comportasse ministros e igrejas com posições teológicas diferentes. Na formulação, procurou-se colocar em segundo plano as diferenças teológicas mais agressivas e reafirmar pontos fundamentais, fazendo com que os batistas daquela época e daquela região, mesmo com suas posições teológicas distintas, pudessem se unir em torno de um corpus cooperado. O cenário apresentava cristãos reformados de outras denominações que se tornaram batistas e aqueles que estavam sendo fortemente influenciados pela teologia arminiana reformada na época. O teólogo Lucas Mourão afirma: “A Confissão de Fé de New Hampshire assume também o papel de ser um tratado teológico.”
Portanto, a Confissão de Fé de New Hampshire não é calvinista, mas também não é arminiana.
Veja este breve trecho de entrevista concedida pelo estudante de teologia Lucas Mourão:
“Eu vejo a CFBNH também como um tratado teológico do que como apenas uma confissão de fé propriamente dita, no sentido stricto sensu. Acho um pouco precipitado crer que a confissão seja apenas uma concessão piedosa, abrandada, do calvinismo aos arminianos; não posso corroborar essa leitura. Eu a vejo como resultado de um esforço para unir, em cooperação, duas tradições batistas que tinham certas diferenças, mas cujos pontos fundamentais as uniam — ou seja, vejo como um tratado teológico mesmo, para tentar unir todos os lados.
Creio ser uma injustiça histórica tentar dizer que a CFBNH é estritamente calvinista, como alguns comentários aqui afirmam, assim como seria um erro de análise teológica classificá-la como arminiana. Hoje, poderíamos olhar e respeitar a confissão no sentido original de sua criação: unir, e não reafirmar uma teologia ou outra.
Infelizmente, alguns batistas querem usá-la como amuleto de sua preferência teológica, mas essa não era, ao que me parece, sua função original.
Ainda sobre o argumento de que ‘a solução intermediária, de que os batistas supostamente não são nem uma coisa nem outra, geralmente exclui um dos dois lados, tachando-o de radicalismo’, creio ser um falso dilema, que às vezes lamentavelmente não consegue conceber que há outras opiniões, opções ou posições teológicas para além da dicotomia calvinismo/arminianismo.
Defender apenas que o batista ou é arminiano ou é calvinista — creio que isso sim seja um radicalismo dicotômico. Hoje, eu mesmo não me sinto completamente contemplado nem pelo arminianismo nem pelo calvinismo. Se por arminianismo entendemos que a salvação se perde, eu não sou arminiano. Se por calvinismo entendemos que Cristo morreu apenas para um grupo seleto de eleitos e que há pessoas predestinadas ao inferno antes de nascer, eu não sou calvinista. Simples assim. Pessoas que têm essa posição — e creio que no Brasil não são poucas — também devem ter o direito de refletir teologicamente assim, sem que lhes sejam impostos esses falsos dilemas.”
(Lucas Mourão, formando em Teologia no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, pós-graduado lato sensu em Teologia Sistemática na Faculdade Batista de Minas Gerais, texto de 2024)
OS Batistas Brasileiros já subscreveram (usaram) a Confissão de Fé Batista de 1689 (Londres)?
A Confissão de Fé Batista de 1689: Uma Herança Histórica no Brasil? Não. A chamada Confissão de Fé Batista de Londres, mais conhecida como Confissão Batista de 1689 ou Segunda Confissão de Fé Batista de Londres, nunca foi oficialmente subscrita no Brasil. Ela não foi adotada historicamente pelos pioneiros batistas, nem pelas primeiras igrejas plantadas no país, tampouco se consolidou ao longo do século XX ou neste início do século XXI como documento normativo das igrejas batistas brasileiras.
Por tanto, Não. A Confissão de Fé Batista de Londres, também conhecida como Confissão de Fé Batista de 1689 ou Segunda Confissão de Fé Batista de Londres, nunca foi subscrita no Brasil, não sendo adotada historicamente, seja pelos pioneiros, pelas primeiras igrejas plantadas ou mesmo ao longo do século XX até o início do século XXI.
Hoje, é possível encontrar grupos de batistas no Brasil que evocam ou subscrevem esse documento, mas é importante observar que se trata de um fenômeno recente, impulsionado pela "ressurgimento calvinista" que começou a se desenhar no sul dos Estados Unidos no início do século XXI e chegou ao Brasil, graças à popularização de figuras calvinistas no YouTube e nas redes sociais, cujas posições doutrinárias estão alinhadas a essa confissão.
Vale ressaltar que o grupo que adota essa Confissão de Fé no Brasil é recente e não histórico (apesar do esforço desse grupo para criar uma narrativa histórica que favoreça sua posição). Muitos de seus membros vêm de divisões dentro das igrejas batistas. Em geral, esses batistas assumem a alcunha de "reformados" devido à adesão ao calvinismo de cinco pontos. Portanto, a Confissão de Fé Batista de 1689 sempre foi um documento estranho aos batistas brasileiros, gerando tensões e divisões em algumas igrejas, especialmente quando irmãos e até alguns ministros tentam modificar a teologia da igreja local ou se engajam em ativismo teológico na Internet.
Há aqueles, muito apegados ao tradicionalismo batista e preocupados com o avanço do liberalismo ou do neopentecostalismo e, assim, sob o argumento de uma escalada da suposta "perda de identidade batista", são cooptados e acabam vendo a Confissão de Fé Batista de 1689 como um amuleto, uma "boia de salvação" para os batistas brasileiros. Em alguns casos, essa visão leva à crítica injusta da Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. Além disso, há batistas que, por meio de influenciadores no YouTube e nas redes sociais, entram em contato com a doutrina calvinista (TULIP) e, consequentemente, se aproximam dessa confissão, que aparentemente se alinha mais à TULIP.
Hoje, é possível encontrar grupos de batistas no Brasil que evocam ou subscrevem essa confissão — mas é importante observar que se trata de um fenômeno recente, muito mais vinculado mais ao "ressurgimento calvinista" surgido no Sul dos Estados Unidos no início do século XXI do que a uma tradição batista brasileira propriamente dita. Esse movimento muito refenciado como “ressurgimento calvinista”, mas também conhecido como Young, Restless, and Reformed (“Jovens, Inquietos e Reformados”), ganhou força com figuras como John Piper, Mark Dever, Al Mohler e outros, popularizando o calvinismo de cinco pontos (TULIP) entre jovens batistas americanos e, por reflexo, ganha certa visibilidade e espaço entre brasileiros — principalmente via YouTube, redes sociais e literatura traduzida.
No Brasil, os grupos que hoje evocam a Confissão Batista de 1689 muitas vezes surgiram a partir de divisões de igrejas, entre elas geralmente de igrejas batistas tradicionais. Muitos desses batistas assumem explicitamente a alcunha de “reformados” por causa da adesão ao calvinismo de cinco pontos, e alguns enxergam na Confissão de 1689 uma espécie de “amuleto” doutrinário ou “boia de salvação” para resgatar a identidade batista em resposta a um possível avanço do liberalismo teológico ou do neopentecostalismo. Porém, há aqui um ponto crítico: essa narrativa teológica-histórica tende a ignorar que, historicamente, os batistas brasileiros nunca operaram sob os termos dessa confissão, e que a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (1966) sempre buscou manter um equilíbrio teológico, acolhendo igrejas com posições diversas, sem abraçar nem o calvinismo pleno nem o arminianismo radical. Outro ponto que ignora é que há muitos batistas tradicionais e de tradição não-calvinista que defendem e mantem a identidade batista, sem necessariamente ter que aderir a TULIP, como se essa fosse a última solução para salvar a denominação, o que não é.
O risco dessas importações de movimentos doutrinários intencionais recentes é justamente criar tensões internas desnecessárias: irmãos e até ministros que passam a querer modificar a teologia local com base em um “ativismo teológico” que muitas vezes desconsidera a história e a cultura das igrejas batistas no Brasil. É importante reconhecer que estudar e recuperar doutrinas históricas é saudável e legítimo, mas transplantar modelos teológicos estrangeiros sem atenção ao contexto local pode gerar rupturas que nem sempre fortalecem a identidade batista — às vezes, apenas criam mais divisão.
Além disso, a insistência em tratar a teologia batista como um simples dilema dicotômico — ou calvinista ou arminiana — empobrece a complexidade histórica e teológica dos batistas. Como afirmou o teólogo Lucas Mourão (Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, 2024), a Confissão de Fé de New Hampshire, historicamente muito mais próxima do contexto batista brasileiro, não pode ser simplesmente classificada como calvinista ou arminiana, mas deve ser vista como um tratado teológico de unidade, elaborado para permitir cooperação entre diferentes tradições batistas que compartilhavam pontos fundamentais. Portanto, é necessário resistir à tentação de usar confissões históricas como bandeiras partidárias dentro do campo batista. A riqueza dessa tradição está justamente na sua capacidade histórica de dialogar e cooperar, sem perder de vista a centralidade do evangelho, da missão e da auttonomia das igrejas locais.
Por tanto, Não. A Confissão de Fé Batista de Londres, também conhecida como Confissão de Fé Batista de 1689 ou Segunda Confissão de Fé Batista de Londres, nunca foi subscrita no Brasil, não sendo adotada historicamente, seja pelos pioneiros, pelas primeiras igrejas plantadas ou mesmo ao longo do século XX até o início do século XXI.
Hoje, é possível encontrar grupos de batistas no Brasil que evocam ou subscrevem esse documento, mas é importante observar que se trata de um fenômeno recente, impulsionado pela "ressurgimento calvinista" que começou a se desenhar no sul dos Estados Unidos no início do século XXI e chegou ao Brasil, graças à popularização de figuras calvinistas no YouTube e nas redes sociais, cujas posições doutrinárias estão alinhadas a essa confissão.
Vale ressaltar que o grupo que adota essa Confissão de Fé no Brasil é recente e não histórico (apesar do esforço desse grupo para criar uma narrativa histórica que favoreça sua posição). Muitos de seus membros vêm de divisões dentro das igrejas batistas. Em geral, esses batistas assumem a alcunha de "reformados" devido à adesão ao calvinismo de cinco pontos. Portanto, a Confissão de Fé Batista de 1689 sempre foi um documento estranho aos batistas brasileiros, gerando tensões e divisões em algumas igrejas, especialmente quando irmãos e até alguns ministros tentam modificar a teologia da igreja local ou se engajam em ativismo teológico na Internet.
Há aqueles, muito apegados ao tradicionalismo batista e preocupados com o avanço do liberalismo ou do neopentecostalismo e, assim, sob o argumento de uma escalada da suposta "perda de identidade batista", são cooptados e acabam vendo a Confissão de Fé Batista de 1689 como um amuleto, uma "boia de salvação" para os batistas brasileiros. Em alguns casos, essa visão leva à crítica injusta da Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. Além disso, há batistas que, por meio de influenciadores no YouTube e nas redes sociais, entram em contato com a doutrina calvinista (TULIP) e, consequentemente, se aproximam dessa confissão, que aparentemente se alinha mais à TULIP.
Hoje, é possível encontrar grupos de batistas no Brasil que evocam ou subscrevem essa confissão — mas é importante observar que se trata de um fenômeno recente, muito mais vinculado mais ao "ressurgimento calvinista" surgido no Sul dos Estados Unidos no início do século XXI do que a uma tradição batista brasileira propriamente dita. Esse movimento muito refenciado como “ressurgimento calvinista”, mas também conhecido como Young, Restless, and Reformed (“Jovens, Inquietos e Reformados”), ganhou força com figuras como John Piper, Mark Dever, Al Mohler e outros, popularizando o calvinismo de cinco pontos (TULIP) entre jovens batistas americanos e, por reflexo, ganha certa visibilidade e espaço entre brasileiros — principalmente via YouTube, redes sociais e literatura traduzida.
No Brasil, os grupos que hoje evocam a Confissão Batista de 1689 muitas vezes surgiram a partir de divisões de igrejas, entre elas geralmente de igrejas batistas tradicionais. Muitos desses batistas assumem explicitamente a alcunha de “reformados” por causa da adesão ao calvinismo de cinco pontos, e alguns enxergam na Confissão de 1689 uma espécie de “amuleto” doutrinário ou “boia de salvação” para resgatar a identidade batista em resposta a um possível avanço do liberalismo teológico ou do neopentecostalismo. Porém, há aqui um ponto crítico: essa narrativa teológica-histórica tende a ignorar que, historicamente, os batistas brasileiros nunca operaram sob os termos dessa confissão, e que a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (1966) sempre buscou manter um equilíbrio teológico, acolhendo igrejas com posições diversas, sem abraçar nem o calvinismo pleno nem o arminianismo radical. Outro ponto que ignora é que há muitos batistas tradicionais e de tradição não-calvinista que defendem e mantem a identidade batista, sem necessariamente ter que aderir a TULIP, como se essa fosse a última solução para salvar a denominação, o que não é.
O risco dessas importações de movimentos doutrinários intencionais recentes é justamente criar tensões internas desnecessárias: irmãos e até ministros que passam a querer modificar a teologia local com base em um “ativismo teológico” que muitas vezes desconsidera a história e a cultura das igrejas batistas no Brasil. É importante reconhecer que estudar e recuperar doutrinas históricas é saudável e legítimo, mas transplantar modelos teológicos estrangeiros sem atenção ao contexto local pode gerar rupturas que nem sempre fortalecem a identidade batista — às vezes, apenas criam mais divisão.
Além disso, a insistência em tratar a teologia batista como um simples dilema dicotômico — ou calvinista ou arminiana — empobrece a complexidade histórica e teológica dos batistas. Como afirmou o teólogo Lucas Mourão (Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, 2024), a Confissão de Fé de New Hampshire, historicamente muito mais próxima do contexto batista brasileiro, não pode ser simplesmente classificada como calvinista ou arminiana, mas deve ser vista como um tratado teológico de unidade, elaborado para permitir cooperação entre diferentes tradições batistas que compartilhavam pontos fundamentais. Portanto, é necessário resistir à tentação de usar confissões históricas como bandeiras partidárias dentro do campo batista. A riqueza dessa tradição está justamente na sua capacidade histórica de dialogar e cooperar, sem perder de vista a centralidade do evangelho, da missão e da auttonomia das igrejas locais.
OS BATISTAS GERAIS DESAPARECERAM?
Os batistas gerais não desapareceram ou sucumbiram na história. Em 1891 ocorreu a fusão entre batistas gerais e particulares na Inglaterra dentro da Baptist Union Of Great Britain. O artigo completo que fala do assunto você pode ver CLICANDO AQUI.