JOSÉ DE SOUZA MARQUES: CRISTÃO CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Em linhas gerais, a intolerância religiosa é o ato de discriminar ou ofender religiões, cultos e liturgias ou também discriminar, ofender e agredir pessoas por conta das suas crenças e práticas religiosas.

O número de denúncias de intolerância religiosa no Brasil aumentou 106% em apenas um ano. Passou de 583, em 2021, para 1,2 mil, em 2022, uma média de três por dia. O Estado recordista foi São Paulo (270 denúncias), seguido por Rio de Janeiro (219), Bahia (172), Minas Gerais (94) e Rio Grande do Sul (51).

Não é difícil identificar notícias relacionadas às práticas de intolerância religiosa em que os ofensores, normalmente, são vinculados ao Protestantismo. Cabe destacar que o Protestantismo é diverso e heterogêneo, por esse motivo destacamos aqui a característica conciliadora que marcou as ações de José de Souza Marques.

Dentre várias atribuições, Souza Marques foi um pastor batista que teve uma importante participação no processo para minimizar as disputas e divergências sobre a construção, no Rio de Janeiro, do Cristo Redentor que foi inaugurado em 12 de outubro de 1931.

Adepto de várias denominações protestantes, cidadãos sem religião e militares positivistas se opuseram à construção do monumento por serem contrários à Igreja Católica Apostólica Romana que, até pouco tempo, exercera a hegemonia religiosa no Brasil.

O contexto era marcado por ofensas e acusações contra a Igreja Católica e seus seguidores, apesar de tudo, José de Souza Marques, que também era vereador do então Distrito Federal, liderou um acordo que assegurou que o Cristo Redentor seria um símbolo do humanismo cristão e universalista e não um santuário católico. Essa característica se manteve até 2006, ano em que o monumento foi transformado em santuário.

José de Souza Marques é um exemplo de cristão protestante que buscou, através do diálogo, meios para construir uma República marcada pela paz, pela tolerância e pelo humanismo laico.
 
Texto de Glauber Henrique