O missionário norte-americano John Mein chegou ao Brasil em 1915. Veio com sua esposa Elizabeth Mein e dois filhos: John Gordon Mein, diplomata assassinado na Guatemala em 1968 durante uma tentativa de sequestro, e David Mein. e instalou no Rio de Janeiro e em 1917 era o diretor do Colégio Batista Fluminense. Seu nome é também citado pelo Almanak Laemmert como diretor do jornal mensário O Escudeiro Batista, da Missão Batista de Campos, Rio de Janeiro. Esse jornal foi fundado em 1908. Designado como agente da Casa Publicadora Batista da Convenção Batista Brasileira, chegou a Maceió no dia 26 de agosto de 1920 para permanecer até o início dos anos 30, quando foi morar em Recife. Na capital alagoana nasceram Margareth Mein Costa, que chegou a ser diretora da Escola de Enfermagem de Recife, e Roberto Mein, que ingressou na Medicina. Guilherme Mein, que nasceu em Campinas, foi professor. Com a experiência adquirida na direção do Colégio Batista Fluminense e repetindo a iniciativa da igreja em Recife, John Mein propõe, em 1920, a criação de um Colégio Americano Batista em Maceió. Fazia parte da política da igreja para enfrentar a discriminação sofrida por muitos estudantes não católicos em outras instituições. O embrião do que viria a ser o Colégio Batista Alagoano começou a funcionar em abril de 1921 e ocupou improvisadamente a residência do missionário John Mein, provavelmente na Rua Tibúrcio Valeriano, Centro de Maceió, atual Rua (Beco) São José, onde também funcionava a Primeira Igreja Batista. Era dirigida por uma junta de Educação. Com a aprovação da Convenção Batista, o Colégio Batista Alagoano passou a existir oficialmente a partir de 1922 e a novidade não agradou à Igreja Católica. O arcebispo D. Manoel Antônio de Oliveira Lopes chegou a recomendar aos diocesanos que não matriculassem seus filhos em colégio ou escolas protestantes. Os que assim procedessem seriam considerados como traidores da fé. Em 1923, a Igreja Batista concluiu o seu novo templo no Parque Rio Branco, na Levada, e, ao mesmo tempo, alugou por 250 mil réis mensais um casarão no Farol para receber o Colégio. O prédio pertencia ao Cônsul alemão Hans Seeger, cujo nome mal pronunciado estava associado à rua onde se situava, o Zeiga, nº 7, atual Av. Aristeu de Andrade. Esse prédio foi posteriormente adquirido graças as doações dos irmãos White de Cadiz, Kentucky, EUA. Como agradecimento foi acrescentado “White Memorial” ao nome do Colégio. No novo prédio, as aulas tiveram início no dia 4 de fevereiro de 1923, ainda em regime de externato por falta de estrutura. Pouco tempo depois foram criados os internatos masculino e feminino e as turmas passaram a ser mistas, um avanço para a época. Inicialmente o CBA oferecia apenas os cursos primário e médio. Somente em 20 de janeiro de 1946 recebeu autorização oficial para funcionar como colégio, com os cursos clássico e científico. A autorização foi concedida pelo Decreto nº 17.304, de 5 de dezembro de 1944. John Mein, em homenagem ao período que passou em Maceió, lançou em 1931 o livro A Causa Batista em Alagoas. Transferido para Recife, em 1931 assumiu a direção do Colégio Americano Batista e, em 1942, a direção do Seminário Batista do Norte do Brasil. O Seminário foi fundado em 1902 pelos missionários Salomão Ginsburg e Jaff Hamilton. Foi deste seminário que nasceu o Colégio Americano Batista. John Mein faleceu no dia 29 de julho de 1962, em sua residência na Av. Ingleside, nº 1269, Jacksonville, Flórida, EUA. Uma rua no bairro do Pinheiro, em Maceió, recebeu seu nome e uma das principais construções do Colégio Batista Alagoano também homenageou o fundador. O prédio Jonh Mein foi inaugurado em 13 de maio de 1964 com a presença de dois dos seus filhos: John Gordon Mein e David Mein. O evento também teve a participação do representante da Missão, Barry Mitchell. O diretor do Colégio era o professor Jethro Ferreira. John Gordon Mein nesta data era encarregado de Negócios da Embaixada Americana no Brasil, dirigida por Lincoln Gordon. Quatro anos depois foi assassinado na Guatemala. Sucesso e ocaso Quando expandiu suas instalações, com a construções de novas dependências em 1924, o Colégio começou a funcionar como internato de meninos, principalmente atendendo a filhos de Batistas que vinham do interior do Estado com a perspectiva de continuar os estudos no Seminário Batista do Norte do Brasil, em Recife. No ano seguinte, já funcionava também com o internato feminino, o que lhe deu projeção na sociedade local. Era o primeiro a oferecer essa modalidade de ensino. Também foi pioneiro como escola religiosa mista em Alagoas. Suas amplas instalações e localização eram divulgadas como atrativos, como revela um anúncio de 1937: “O Colégio está situado em um dos mais aprazíveis bairros da cidade, seus prédios são bem arejados, espaçosos e tem largo espaço para recreio”. Nos anos 30, com a intervenção da Prefeitura de Maceió para o reordenamento das numerações dos prédios da capital, o endereço do CBA passou a ser Av. Aristeu de Andrade nº 376. Os estudantes do CBA se organizavam em torno do Grêmio Estudantil Floriano Peixoto, que promoveu vários eventos culturais e ajudou a formar muitas lideranças da sociedade alagoana. No final do século XX, depois de muitos anos de atividades vitoriosas, o CBA começou a sofrer com a crise que terminou por atingir muitas instituições de ensino do país. Vários investimentos foram realizados para manter seus alunos, que migravam cada vez mais para colégios mais próximos dos seus locais de moradia ou para instituições concorrentes. Uma das iniciativas para manter viva a tradição do Colégio Batista foi a criação, em 25 de julho de 1998, do IBESA – Instituto Batista de Ensino Superior de Alagoas, com a finalidade de oferecer ensino superior no período noturno. Uma modalidade de ensino que crescia em Maceió naqueles anos. Mesmo com o esforço da Convenção Batista Alagoana e dos administradores daquela instituição educacional, a crescente inadimplência e as enormes dívidas levaram o histórico colégio a declarar falência em 2011. Naquele último ano de funcionamento, o Colégio Batista atendia a aproximadamente 550 alunos do ensino infantil ao ensino médio. O prédio e o terreno foram vendidos à Construtora Record. A demolição teve início na terça-feira, 8 de janeiro de 2013. No local foram erguidas quatro torres de apartamentos residenciais. Fonte: História de Alagoas |
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Julho 2024
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