A Convenção Batista Nacional surgiu de forma traumática, quando da expulsão em 1965 de 32 igrejas da Convenção Batista Brasileira, simplesmente por crerem de forma diferente a respeito de dons espirituais. Essas pessoas foram alvo do que poderíamos chamar de “ódium theologicum”. Mas Deus levantou paladinos da fé para guiar esse povo. Destaca-se então as pessoas dos pastores Enéas Tognini e José do Rego Nascimento. O SURGIMENTO DOS BATISTAS
Há três teorias sobre a origem dos batistas. Tenhamos em mente que são teorias, portanto, nenhuma delas pode ser defendida com certeza absoluta como verdade final acerca da origem batista. Porém, evidentemente todo estudioso do assunto haverá de fazer opção por uma delas. A Teoria J. J. J. (Jerusalém-Jordão-João) Segundo essa teoria o surgimento do povo batista não tem nenhum elo com a Reforma Protestante em termos históricos. Pelo contrário, os batistas sempre estiveram presentes na história da igreja, até mesmo em tempos de grande corrupção da mesma, pois Deus sempre preservou um povo fiel a Ele. Esse povo, advoga os defensores dessa teoria, eram os batistas. Os batistas então existem desde muito antes da Reforma, na verdade, teve sua origem nos tempos de Jesus. Presume-se que o nome batista seja oriundo justamente de João Batista, que batizava no rio Jordão, e pela forma de imersão como crêem os batistas. O problema com essa teoria é que carece de uma linha histórica coesa. É na realidade, pouco convincente. É bem verdade que em meio aos tempos difíceis de desvios doutrinário e moral sempre houve aqueles que permaneceram em conformidade com as Sagradas Escrituras. Porém, rotular essas pessoas de batistas é injustificável historicamente, para dizer o mínimo. Das três teorias parece ser a mais simplista e incongruente. A Teoria do Parentesco Espiritual (Anabatistas) Esta teoria vai fazer uma associação entre os batistas e os anabatistas do século XVI no que tange à origem daqueles. O movimento radical de reforma anabatista, que esteve presente em alguns países; na Suíça sob a liderança de Conrad Grebel (1498 – 1526), na Alemanha tendo como líder Balthasar Hubmaier (1481 – 1528), e na Holanda com Menno Simons (c. 1496 – c. 1561); tinham doutrinas radicais que desafiavam tanto os católicos quanto os protestantes. Pregavam eles contra o batismo infantil por entenderem não haver base bíblica para o mesmo, a comunhão dos bens, a completa separação da igreja e o estado, negavam o pecado original e houve tentativas de previsão da volta de Cristo. Evidentemente, houve vários grupos anabatistas, e embora tivessem algumas doutrinas em comum também divergiam entre si em alguns pontos teológicos. Por conseqüência de suas doutrinas foram tidos por hereges tanto por católicos quanto por protestantes. Sofreram terrível perseguição. Muitos foram forçados a pular de penhascos, condenados à morte por afogamento, queimados em estacas, enforcados. Sem dúvida podemos afirmar que o conceito de igreja livre dos anabatistas influenciou os batistas. A teoria que os batistas tiveram sua origem com os anabatistas é bastante plausível. A Teoria dos Separatistas Por fim, esta teoria afirma que os batistas tiveram sua origem dos separatistas ingleses no século XVII. Ao contrário do que o título parece supor, “separatistas”, este acontecimento deu-se em plena paz. E por ser uma época de perseguição religiosa, foi vantajoso essa divisão para facilitar a realização das reuniões. A primeira igreja batista inglesa, composta de cidadãos ingleses, surge fora da Inglaterra, na Holanda em 1608, com uma teologia arminiana e ainda sem repudiar o batismo infantil. Por volta de 1611, surge a primeira igreja batista inglesa em solo inglês. Sustentavam o batismo por infusão e mantinham doutrinas arminianas com as quais tinham se familiarizado na Holanda. Ficaram conhecidos como Batistas Gerais. A primeira igreja batista inglesa em solo inglês surgiu do grupo congregacional separatista. Em 12 de setembro de 1633, surgiu a 1ª Igreja Batista Particular da Inglaterra, em uma separação programada e sem trauma. O principal motivo da separação foi que esse grupo não aceitava o batismo infantil, por entender que para ser batizada a pessoa tinha que se arrepender de seus pecados, e confessar a Jesus Cristo como salvador. Esse batismo deveria ser feito por imersão. No que diz respeito à Soteriologia, mantinham uma teologia calvinista que pregava uma expiação só para os eleitos. Os batistas norte-americanos têm seus antecedentes neste grupo. Das três teorias aqui apresentadas esta parece ser a mais plausível historicamente OS BATISTAS NO BRASIL Pode-se afirmar que a presença dos batistas no Brasil teve como impulso o crescimento dos batistas dos Estados Unidos na obra missionária, bem como movimentos avivalistas nos séculos XVIII e XIX. Em 1814, houve na cidade de Filadélfia, a Convenção Geral da Denominação Batista dos E. U. A. para Missões Estrangeiras, a chamada Convenção Trienal, por se reunir de três em três anos. Essa convenção impulsionou as missões estrangeiras. O primeiro missionário batista no Brasil, Thomas Jefferson Bowen, não veio ao Brasil de forma planejada para estabelecer uma igreja. Ele tinha sido enviado à África, mas por motivo de saúde teve que deixar seu campo missionário e vir para o Rio de Janeiro em 1860. Em 1861 retornou aos Estados Unidos. Nessa época os imigrantes protestantes recebiam bastante apoio do governo imperial, pois eles eram mão-de-obra qualificada que de alguma forma viria a ser benéfica ao país. Quando a obra batista iniciou-se oficialmente com os nacionais já havia trabalhos estruturados de outras denominações protestantes. O missionário presbiteriano A. G. Simonton aportou no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859. Em 12 de janeiro de 1862 foi oficializada a Primeira Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro, com dois membros. Os primeiros missionários batistas enviados pelos batistas americanos para fundarem trabalhos batistas no Brasil foram Bagby e Taylor. A cidade escolhida por eles depois de um período de oração na busca por orientação divina foi a cidade de Salvador. O missionário Bagby explica em uma correspondência à Missão Americana (Junta Richmond) os motivos que o levaram a escolher a cidade de Salvador: 1. Era uma cidade bastante populosa. 2. Era também bastante povoada a região que cercava a cidade. 3. Era ligada por mar com outros pontos importantes, e também ligada a cidades e vilas do interior pela baía, pelos rios e por duas linhas de estrada de ferro. 4. Era um campo quase desocupado: enquanto no Rio havia sei ou oito missionários de outras denominações evangélicas, na Bahia havia apenas dois presbiterianos. Além disso, aparentemente não havia qualquer obreiro nacional na Província da Bahia, enquanto no Rio de Janeiro e em São Paulo, havia além de missionários, bom número de obreiros nacionais. A primeira igreja batista brasileira se instalou em Salvador em 15 de outubro de 1882, com cinco membros, dentre eles o ex-padre da Igreja Católica Romana, Antônio Teixeira de Albuquerque. A seguir a ata de instalação da igreja: Acta Primeira da Secção de Installação da Primeira Igreja Batista na cidade da Bahia. No dia 15 de Outubro de 1882 da era christã, estando presentes nesta cidade da Bahia, no,lugar denominado Canella, às 10 horas da manhã os abaixo assignado, membros da Igreja Batista de Sta. Bárbara, na província de São Paulo, tendo se retirado daquela província para esta, unirão-se à Igreja Batista fazendo a sua installação legalmente. São os seguintes: Senr. Antonio Teixeira de Albuquerque, Senr. Z. C. Taylor, Da. Catharina Taylor, Senr. W. B. Bagby, Da. Anna L. Bagby. Com a expansão da obra batista foram fundadas as seguintes igrejas: 1ª Igreja Batista do Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1884; 1ª Igreja Batista de Maceió, em 17 de maio de 1885; 1ª Igreja Batista do Recife, em 04 de abril de 1886; e 1ª Igreja Batista de São Paulo, em 04 de julho de 1899. Batistas Memoráveis Antônio Teixeira de Albuquerque (1840 – 1887) e José Manoel da Conceição (1822 – 1873) foram dois homens que se destacaram grandemente por fazerem oposição ao catolicismo tão predominante em nossa nação. Herdaram os sentimentos anticatólicos dos missionários norte-americanos e fizeram oposição verbal e escrita à igreja romana. Os protestantes na época sofreram oposição não apenas verbal, mas também física. Zachary Clay Taylor (1850 – 1919), jornalista, editor e escritor, mais propriamente jornalista e editor que escritor. Sua mais importante contribuição foi a tradução de “A origem e historia dos batistas”, de S H Ford (1886), pois ele traduz desse livro a Confissão de Fé de New Haspshire, confissão que viria a se tornar padrão entre os batistas mesmo sem ser oficializada. Salomão Luiz Ginsburg (1867 – 1927) pode ser considerado como um dos mais influentes formadores da teologia batista brasileira. Sua grande contribuição foram os muitos hinos que escreveu e que vieram a compor o Cantor Cristão, que teve sua primeira edição em 1891. Escreveu sua autobiografia “Um judeu errante no Brasil” e alguns folhetos. William Edwin Entzminger (1859 – 1930), foi o primeiro doutor em teologia entre os batistas no Brasil. Deu sua contribuição literária escrevendo livros como: “Haverá Bíblias falsas” (1897), “O poder do alto” (1904) e “A prática da oração”. Traduziu e ou escreveu 68 hinos, fundou o Jornal Batista, ao qual dirigiu por vinte anos. Alva Bee Langston (1878 – 1965), possivelmente o maior teólogo da história dos batistas. Autor de “A democracia batista” (1917), “O princípio de individualismo em suas expressões doutrinárias” (1933), “Esboço de Teologia Sistemática” (1959), “A doutrina do Espírito Santo”, “Noções de ética prática”, “Teologia Bíblica do Velho Testamento” (1938) e “Teologia Bíblica do Novo Testamento” (3ª Ed.: 1938). Willian Carey Taylor (1886 – 1971). Assim como Langston, era leitura obrigatória para candidatos ao pastorado. Era polemista, mas não focalizava os católicos, debateu com outros protestantes, inclusive com batistas. Escreveu diversos livros: “Doutrinas” (1928), comentários ao evangelho de João (1943 -1945), à epistola de Tiago (1942) e à epístola aos Gálatas (1945). Muito importante foi sua gramática grega “Introdução ao estudo do Novo Testamento” e “Manual das igrejas” 5ª ed.: (1957) Asa Routh Crabtree (1889 – 1965) e Antônio Neves de Mesquita (1908 – 1978) escreveram comentários bíblicos. Dentre os comentários de Crabtree merece destaque o comentário ao livro de Isaías, escreveu também uma gramática hebraica (1951) e “Teologia bíblica do Velho Testamento” (1956). De Mesquita merece destaque “Povos e nações do mundo antigo” (1954), “A doutrina da Trindade no Velho Testamento” (1956) e “A revolta dos anjos” (1975). Merecem menção outros nomes como: Reinaldo Purim (1897 – 1989), José Pereira dos Reis (1916 – 1991), Delcyr de Souza Lima, Aníbal Pereira Reis (1942 – 1987), Emílio Warwick Kerr, Alberto Augusto, Werner Kaschel, Russel Shed, Darci Dusilek, Almir dos Santos Gonçalves Jr., e outros. Controvérsias Teológicas À partir do início do século XX, houve algumas controvérsias que refletiam a situação e os problemas que as igrejas batistas brasileiras enfrentavam. Sempre houve uma luta travada contra o catolicismo. Mas houve também controvérsias particulares, como a questão do princípio da laicidade do estado. Podemos dizer que se iniciou devido ao decreto de Getúlio Vargas em maio de 1931 que colocava, ainda que de modo facultativo, o ensino religioso em escolas públicas. Pastores e intelectuais batistas se opuseram tomando como base o princípio batista da separação entre a igreja e o estado. Entendiam que o ensino religioso na escola pública feria o princípio da laicidade do estado. O assunto foi amplamente discutido no “Jornal Batista”. Houve uma controvérsia mais administrativa que teológica, nas décadas de 20 a 40, era a tomada de consciência de que os brasileiros eram capazes de administrar os negócios da denominação no Brasil sem a interferência dos batistas norte-americanos. Tal controvérsia, porém, não causou uma ruptura com a tradição norte-americana. Através da imprensa periódica foi discutida com os presbiterianos a questão do batismo, se o batismo conforme a Bíblia é por imersão ou aspersão. Os batistas, logicamente, entendiam ser por imersão, enquanto os presbiterianos por aspersão, posições teológicas que permanecem na íntegra em nossos dias. A Ceia do Senhor também foi discutida, externa e internamente. A maioria dos batistas entendia que a ceia deveria ser ministrada apenas aos da denominação, “ceia restrita”, embora não tenha se tornado uma prática uniforme. É lamentável que ainda hoje haja quem defenda tal posição. A discusão em torno da perseverança dos santos foi travada, principalmente, por Robert Bratcher, através do Jornal Batista, e W. C. Taylor, por meio de livros. Bratcher defendia a perca da salvação, à partir da Epístola aos Hebreus. Taylor, por sua vez, defendia a eleição segundo a doutrina calvinista. Desse embate teológico, Taylor saiu vitorioso, e tornou-se dogma para os batistas de então que salvação não se perde. Bratcher se viu obrigado a deixar o Brasil. A controvérsia teológica mais importante da história batista com certeza foi sobre a questão do batismo com o Espírito Santo. Provocou o único racha na história da denominação. (Aludiremos a este assunto mais adiante, antecipamos, porém, a posição oficial da Convenção Batista Brasileira a respeito desse assunto:) “A crença no batismo no Espírito Santo como uma segunda bênção, ou seja, como uma segunda etapa na vida cristã, ou seja, ainda, como uma nova experiência posterior à conversão, não encontra base nas Escrituras.” A obra de Renovação Espiritual No início do século XX chegou ao Brasil o movimento pentecostal através de campanhas realizadas por missionários vindos do exterior. O missionário italiano Luis Francescon chegou ao nosso país em 1908 ou 1910. Presbiteriano, veio ao Brasil com um grupo de imigrantes italianos vindos de Chicago, Estados Unidos. Ele fundou a primeira igreja penstecostal no Brasil, a Congregação Cristã do Brasil. Não demorou muito para surgirem outras igrejas pentecostais, tais como a Assémbéia de Deus, O Brasil para Cristo, Deus é Amor, Casa da Bênção, Maranata, Cruzada Brasileira de Evangelização. O movimento pentecostal caracteriza-se pela crença no batismo do Espírito Santo como uma segunda bênção, posteior à conversão, que capacita o homem à obediência. Prega a conteporaneidade dos dons espirituais, sobretudo o dom de curas e batismo do Espírito Santo, que evidencia-se pelo dom de falar em “línguas estranhas”. No meio batista, como conseqüência natural do movimento pentecostal, houve o que ficou conhecido como movimento de “Renovação Espiritual”. Este movimento teve como proponentes iniciais a Sra. Rosalee Mills Appleby, o Pr. José Rego do Nascimento e o Pr. Enéas Tognini. No âmbito batista não eram apenas as igrejas a serem influenciadas pela doutrina e prática pentecostais, até mesmo o Seminário do Sul, no Rio de Janeiro foi impactado pelo carimatismo de Renovação Espiritual. Em uma carta dirigida ao Pr. Enéas Tognini,* o Pr. José do Rego Nascimento faz relatório de reuniões realizadas naquele seminário com o corpo discente do mesmo e o Pr. Rego Nascimento e outros. Nestas reuniões os seminaristas foram norteados por experiências pentecostais. É digno de nota que essas reuniões realizaram-se sem o conhecimento e aprovação do então Reitor da instituição, Pr. A. Bem Oliver. A posterior reprovação do seminário a essas reuniões e ao pentecostalismo seria apenas o início do que estava prestes a acontecer na denominação. O lamentável racha Depois de muita discussão e brigas internas na denominação, a Convenção Batista Brasileira designa uma comissão de treze dos seus mais influentes pastores para estudar e apresentar um trabalho analisando o pentecostalismo à luz das Escrituras, para que assim a denominação pudesse tomar uma decisão final sobre as igrejas que vinham aderindo a Renovação Espiritual. Esta comissão, conhecida como Comissão dos 13, deveria trabalhar com o seguinte critério: três defenderiam Renovação Espiritual; José Rego do Nascimento, Aquiles Barbosa e Enéas Tognini; três contra Renovação Espiritual; Harald Schaly, Delcyr de Souza Lima e Reinaldo Purim; e sete para julgar; João Filson Soren, David Mein, Werner Kaschel, José dos Reis Pereira, David Gomes e Thurman Bryant, presididos por Rubens Lopes. Enéas Tognini, em seu livro “História dos batistas nacionais” alega que o critério acima estabelecido não foi seguido, no final todos os que não estavam a favor de Renovação acabaram julgando. Ademais, nem Enéas Tognini, nem José do Rego puderam levar adiante seus trabalhos devido a outras atividades. Segue a seguir alguns parágrafos, na íntegra, da “Declaração Final da Comissão dos Treze”. 1. “A crença no batismo no Espírito Santo como uma segunda bênção, ou seja, como uma segunda etapa na vida cristã, ou seja, ainda, como uma nova experiência posterior à conversão, não encontra base nas Escrituras.”. *TOGNINI, Enéas – História dos batistas nacionais. 2ª ed. 1993, Convenção Batista Nacional, Brasília – D. F. (p. 21). 2. “Plenitude do Espírito Santo” não é o mesmo que “Batismo no Espírito Santo. E, antes, um estado espiritual ao deve e pode chegar o crente, estado este que se caracteriza por inteira dependência e obediência à vontade do Espírito Santo de Deus e pela capacitação para a realização de Sua obra.”. 6. “A ênfase dada à doutrina do batismo no Espírito Santo como sendo uma segunda bênção tem originado os seguintes abusos, que, sinceramente, deploramos: 1) A realizações de reuniões que se notam os mesmos erros próprios que de reuniões pentecostais, isto é, a confusão no ambiente, a gritaria, os descontroles físicos, o falar línguas e outros excessos de emocionalismo. 2) Uma atitude de orgulho espiritual, que não quer admitir opiniões opostas e que classifica de carnais e mundanos os que não participam das mesmas emoções e experiências. 3) Tentativas ostensivas ou veladas de proselitismo entre outras igrejas.” A referida comissão deu três recomendações, transcreveremos a terceira. 3. “Que as igrejas e pastores que se tenham afastados das doutrinas batistas e se aproximado das doutrinas pentecostais sejam convidados com todo o amor a um reestudo de sua posição à luz do parecer ora apresentado. Caso persistam em manter pontos de vista contrários à posição doutrinária sustentada pela Convenção Batista Brasileira, sintam-se à vontade para uma retirada pacífica e honrosa, em benefício da paz da causa de Deus. Tam recomendação se limitam àqueles que fazem de suas convicções divergentes motivo de atividade ostensiva, provocando inquietação, confusão e divisão.” São Paulo, 10 de Outubro de 1963 a) Rubens Lopes, Presidente Werner Kaschel, secretário Achilles Barbosa, com restrições David Gomes David Mein Delcyr de Souza Lima Harald Schaly José dos Reis Pereira Reinaldo Purim João Filson Soren Dessa forma, pela falta de tolerância e compreensão e de modo talvez precipitado, houve um racha que poderia muito bem ter sido evitado. A HISTÓRIA DOS BATISTAS NACIONAIS Convenção Batista Nacional Expulsas da Convenção Batista Brasileira, as igrejas a princípio relutaram em reunir-se em convenção. Os dois principais líderes de Renovação Espiritual; Enéas Tognini e José Rego do Nascimento não se mobilizaram para reunir as igrejas excluídas em uma convenção. É quando surge então a figura do pastor Ilton Quadros Cordeiro, pastor da Igreja Batista do Barreiro, em Belo Horizonte. Em 1966, o pastor Ilton Quadros Cordeiro demonstrou preocupação com o destino das igrejas excluídas. Primeiramente entrou em contato com o pastor Arthur Freire, que lhe aconselhou que seria mais conveniente ao invés de uma convenção, reunir as igrejas em uma Ação Missionária. Dessa forma foi criada a AME: Ação Missionária Evangélica, tendo o jovem pastor Wilson Régis à frente. Essa aliança na verdade não teve um governo de natureza democrático, o pastor Régis acumulou os cargos de Superintendente Geral, Tesoureiro e depois diretor do seminário STEB, Seminário Teológico Evangélico do Brasil. A AME não continha apenas igrejas batistas, havia também metodistas e presbiterianas que também haviam aderido ao movimento de renovação espiritual. No ano de 1967 extingue-se a AME dando lugar à Convenção Batista Nacional. Em sua primeira seção da assembléia inaugural, realizada às 14 horas do dia 16 de setembro de 1967, no templo da Igreja Batista da Lagoinha, é eleita a diretoria da Convenção Batista Nacional. Foi eleito presidente o Pr. Elias Brito Sobrinho; 1º vice-presidente, Pr. Joel Ferreira; 2º vice-presidente, Pr. Rosivaldo de Araújo; 1º secretário, Pr. Nivaldo Ferreira da Silva; 2º secretario, Pr. Dalson Pinto Teixeira. É também adotada na assembléia a Confissão de Fé, a mesma adotada pela Convenção Batista Brasileira, com o acréscimo do Artigo III da Convenção de Kansas City – Deus o Espírito Santo. Doutrina Acreditamos ser inadequado transcrever aqui a confissão de fé da Convenção Batista Nacional, remetemos o leitor a pesquisar o Manual Básico dos Batistas Nacionais, que contém a referida declaração de fé. É basicamente a mesma da Convenção Batista Brasileira, acrescentando-se apenas o Artigo III, que versa a respeito da crença dos batistas nacionais sobre a doutrina do Espírito Santo. Este artigo foi extraído da Confissão de Fé dos Batistas do Sul dos Estados Unidos (Confissão de Kansas City). Julgamos necessário porém, apresentar os princípios batistas, pois estes desejam que sejam julgados não simplesmente por suas doutrinas, mas pelos seus princípios. É o que os caracteriza como batistas. Os batistas nacionais continuaram plenamente batistas, haja vista que ratificam a necessidade e importância da prática dos princípios batistas observados pelos batistas em geral. Os princípios batistas é na realidade um desdobramento e aplicação da tese de doutoramento em Filosofia de A. B. Langston, (Princípios de Individualismo em Suas Expressões Doutrinárias), publicada pela então Casa Publicadora Batista, em 1933, no Rio de Janeiro. Princípios Batistas I – A Autoridade 1. Cristo como Senhor A suprema fonte de autoridade é o Senhor Jesus Cristo, toda esfera da vida está sujeita à Sua Soberania. 2. As Escrituras A Bíblia como revelação inspirada da vontade divina, cumprida e completada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, é nossa regra autorizada de fé e prática. 3. O Espírito Santo O Espírito Santo é o próprio Deus revelando Sua Pessoa e vontade aos homens. Ele, portanto, interpreta e confirma a voz da autoridade divina. II – O Indivíduo
III – A VIDA CRISTÃ
5. O Cristão Como Cidadão O cristão é cidadão de dois mundos – o reino de Deus e o Estado – e deve ser obediente à lei de seu país, tanto quanto à lei suprema de Deus. IV – A IGEJA 1. Sua Natureza A igreja, no sentido lato, é a comunidade fraterna de pessoas redimidas por Cristo e tornadas uma só na família de Deus. A igreja, no sentido local, é a companhia fraterna de crentes batizados, voluntariamente unidos para o culto, desenvolvimento espiritual e serviço. 2. Seus Membros Ser membro de igreja é um privilégio, dado exclusivamente a pessoas regeneradas que voluntariamente aceitam o batismo e se entregam ao discipulado fiel, segundo o preceito cristão. 3. Suas Ordenanças O Batismo e Ceia do Senhor, as duas ordenanças da igreja, são símbolos da redenção, mas sua observância envolve realidades espirituais na experiência cristã. 4. Seu Governo Uma igreja é um corpo autônomo, sujeito unicamente a Cristo, sua cabeça. Seu governo democrático, no sentido próprio, reflete a igualdade e responsabilidade de todos os crentes, sob a autoridade de Cristo. 5. Sua Relação Para com o Estado A igreja e o Estado são constituídos por Deus e perante ele responsáveis. Devem permanecer distintos, mas tem a obrigação do reconhecimento e reforços mútuos, no propósito de cumprir-se a função divina. 6. Sua Relação Para com o Mundo A igreja tem uma posição de responsabilidade no mundo; sua missão é para com o mundo; mas seu caráter de ministérios são espirituais. V – NOSSA TAREFA CONTÍNUA 1. A Centralidade do Indivíduo De consideração primordial na vida e trabalho de nossas igrejas é o indivíduo com seu valor, suas necessidades, sua liberdade moral, seu potencial perante Cristo. 2. Culto O culto – que envolve uma experiência e comunhão com o Deus vivo e santo – exige uma apreciação maior sobre a reverência e a ordem no culto, a confissão e a humildade, a consciência da santidade, majestade, graça e propósito de Deus. 3. O Ministério Cristão Cada cristão tem o dever de ministrar ou servir com abnegação completa; Deus, porém, na Sua sabedoria, chama várias pessoas de um modo singular para dedicarem a sua vida, de tempo integral, ao ministério relacionado com a obra da igreja. 4. Evangelismo O evangelismo, que é básico no ministério da igreja e na vocação do crente, é a proclamação do juízo e da graça de Deus em Jesus Cristo e a chamada para aceita-Lo como salvador e segui-Lo como Senhor. 5. Missões As missões procuram a extensão do propósito redentor de Deus em toda parte, através do evangelismo, da educação e do serviço cristão e exigem de nós dedicação máxima. 6. Mordomia A mordomia cristã concebe toda a vida como um encargo sagrado, confiado por Deus, e exige o emprego responsável de vida, tempo, talentos e bens – pessoal ou coletivamente – no serviço de Cristo. 7. O Ensino e Treinamento A natureza da fé e experiência cristãs e a natureza e necessidade das pessoas fazem do ensino e treinamento um imperativo. 8. Educação Cristã A educação cristã emerge da relação da fé e da razão e exige excelência e liberdade acadêmicas que são tanto reais quanto responsáveis. 9. A Autocrítica Todo grupo de cristãos, para conservar sua produtividade, terá que aceitar a responsabilidade da autocrítica construtiva. BIBLIOGRAFIA TOGNINI, Enéas – História dos batistas nacionais. 2ª ed. 1993, Convenção Batista Nacional, Brasília – D. F. Manual Básico dos Batistas Nacionais. 2ªed. 1986, Convenção Batista Nacional, Brasília – D. F. AZEVEDO, Israel Belo de – A celebração do indivíduo: a formação do pensamento batista brasilerio. São Paulo: Vida Nova, 2004. |
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Outubro 2024
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