Em 15 de novembro de 1909, Beatriz Rodrigues da Silva nascia no Rio de Janeiro (RJ), em um lar católico, mas logo na infância, aceitou Jesus como seu Salvador, e foi batizada pelo Pr. F.F. Soren em 1916. Em 1926 iniciou seus estudos no Colégio Batista, depois na Escola de Obreiras (antigo IBER, atual CIEM). Lá foi aluna do Pr. L. M. Bratcher, então diretor de Missões Nacionais. Nas aulas de missões ele falava entusiasmado das viagens pelo sertão e afirmava que Deus poderia estar chamando alguém daquele grupo para este ministério. Beatriz, humilde, achava difícil que fosse ela. Até o dia em que falou ao Pr. Bratcher, cheia de convicção: “Sou eu”.
Em 1935 apresentou-se à JMN e em 25 de janeiro de 1936 embarcava no navio Itapé numa viagem de 34 dias, passando por Belém (PA) e de lá, numa pequena embarcação, seguiu pelo rio Tocantins até chegar no sertão do antigo Norte Goiano, hoje Tocantins, em 28 de fevereiro de 1936. Na noite do seu embarque, um grupo de jovens da PIB de Vitória (ES) acompanhou a missionária até o cais do porto do Rio de Janeiro. Entre elas estava Margarida Lemos Gonçalves, que anos mais tarde, também seria uma grande professora missionária. Beatriz foi acolhida na pequena Vila de Piabanha (atual município de Tocantínia) pelo Pr. Zacarias Campelo, e em 2 de março de 1936 fundou o Colégio Batista do Tocantins com 22 alunos e em 23 de junho a Igreja Batista de Tocantínia com 15 membros. Ensinar e fazer discípulos de Jesus andava lado a lado. Em 1976, o colégio completava 40 anos e a missionária Beatriz Silva recebeu o título de cidadã Tocantinense, quando, em gratidão, ofereceu à cidade um hino de sua autoria, que tornou-se o “Hino a Tocantínia”. Ao longo dos 61 anos que a missionária ficou no campo, muitas foram as provações e as dificuldades: longas viagens em lombo de cavalo, hostilidade dos indígenas, patrulhamento do clero local, crianças acidentadas a caminho da escola bíblica, mas também é gratificante saber que teve alunos que já ocuparam funções conhecidas, como médicos, advogados, militares, governador do estado; outros anônimas, mas todos com a semente do Evangelho bem plantada. Beatriz Silva fez do povo do sertão o seu povo. Logo no início, diante da ameaça de ataque de um grupo guerrilheiro, recolheu seus alunos e saiu de barco no escuro, protegendo suas vidas. Não recuou diante do desconforto de viagens longas, não reclamou de problemas. Tinha um compromisso com Deus e com o povo. Louvamos a Deus pelos missionários que hoje repetem este compromisso. Beatriz aposentou-se pela JMN em 1984. Continuou morando em Tocantínia, até o dia 29 de julho de 1996 quando faleceu em Palmas, e em Tocantínia, está sepultada. Como herança, recebemos de Beatriz Rodrigues da Silva, um legado que jamais esqueceremos. Para todos era aquela mulher humilde, que falava um português corretíssimo, que brincava com as pessoas, e que viveu perto de Jesus e que levava Jesus para perto dos outros. Que sua vida seja motivo de gratidão ao Senhor e de inspiração para todos nós. Nem todos seremos chamados para campos distantes. Poucos ficaremos tanto tempo no mesmo ministério. Mas o que Deus requer dos seus servos é a consagração total às suas ordens, convicção diante da chamada e compromisso com o povo. Que a oração de Margarida Lemos, sua amiga e companheira, seja a nossa: "Senhor Deus, ajuda-nos a viver de tal maneira que, quer vivamos ou quer morramos os que estiveram a nossa volta queiram saber quem é o nosso Deus.” Texto do pastor Jeremias Nunes da JMN |
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Julho 2024
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