Batistas se destacam por enfatizar os requisitos bíblicos para um verdadeiro batismo, ou seja, o batismo deve ser por imersão e somente os crentes são os sujeitos adequados do batismo. O que eles nem sempre foram igualmente habilidosos em explicar é a resposta para esta pergunta: o que significa o batismo? Ontem à noite, quando eu cheguei em casa, vindo do Quebec, assisti a um batismo pela maravilha da internet e escutei um discurso relativamente extenso sobre o que o batismo não é: não é um evento salvador, a água não é importante (pelo que percebi, o batizador queria dizer que a água não contém nenhuma propriedade “sacramental” – certamente não estava dizendo que o batismo não requer água, o que seria muito estranho para um batista afirmar), e que o batismo é meramente um símbolo. Ao ouvir esta explicação amplamente negativa do que o batismo não é, fiquei impressionado com o fato de que nossos antepassados batistas nas eras definidoras do pensamento batistas – os séculos XVII e XVIII – teriam tido algumas preocupações sobre essas observações. Eles tinham uma rica teologia batismal. As observações que escutei ontem antes dos batismos eram magras na reflexão teológica real e provinham mais da reação batista do século XIX aos erros teológicos genuínos do Campbellismo¹ do que do testemunho bíblico. Por exemplo, o que se faz desta observação do respeitável Andrew Fuller: “A imersão do corpo na água, que é um elemento purificador, contém uma profissão de nossa fé em Cristo, por meio de cujo sangue derramado somos purificados de todo pecado. Assim, se diz que o batismo em nome de Cristo é para remissão de pecados. Não que haja qualquer virtude no elemento, qualquer que seja a quantidade; nem na cerimônia, embora seja Divinamente designada; mas contém um sinal do modo em que devemos ser salvos. O pecado é lavado no batismo no mesmo sentido em que se come a carne de Cristo e se bebe do seu sangue na Ceia do Senhor: o sinal, quando corretamente usado, leva à coisa significada.” (Os usos práticos do batismo cristão [Obras completas, III, 341). Esta afirmação: “leva à coisa significada” parece denotar que quando a pessoa que está sendo batizada tem uma fé como Fuller descreve, o batismo confirma essa fé e a participação do indivíduo nos benefícios do evangelho. Em outras palavras, o batismo é o lugar onde a conversão a Cristo é ratificada e, para tomar emprestada uma frase de outro grande teólogo batista calvinista do século XVIII, John Gill, “a fé se descobre.” (Uma exposição do Novo Testamento [Edição de 1809, repr. Paris, Arkansas: The Baptist Standard Bearer, Inc., 1989] I. 495, comentário em Marcos 16.16). Precisamos recuperar esse rico pensamento batismal de nossos antepassados que foi extraído da extensa discussão sobre o batismo no Novo Testamento, e ir além do quadro amplamente negativo do batismo que escutei ontem na internet. ***
Autor: Michael A. G. Haykin. Professor de história da igreja e espiritualidade bíblica e diretor do Centro Andrew Fuller de Estudos Batistas do Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky. Publicado no dia 04 de maio de 2009 em: http://bit.ly/34m9YBN [1] Alexander Campbell foi um imigrante escocês-irlandês, que desejava ‘restaurar’ a verdadeira igreja retornando a uma implementação literal do padrão do Novo Testamento. Isso o levou a criticar muitas práticas comumente usadas pelos batistas. Na época da sua morte, em 1866, muitas igrejas haviam desertado da maneira batista para seguir o movimento restauracionista de Campbell. Tradução: Gabriel Ferreira Albino |
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Outubro 2024
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