Vamos repercutir e checar algumas informações citadas pelo pastor Felipe Niel no vídeo do Canal do presbiteriano Wriel Ferreira "Perguntar não Ofende" com o tema: "Qual a diferença entre os Batistas Tradicionais e os Batistas Reformados?". Confira! "A denominação batista esta fragmentada"
VERDADEIRO. De fato, a denominação batista, seja regionalmente, nacionalmente ou globalmente esta bastante fragmentada, com tradições e liturgias distintas. "esta fragmentada, com uma crise muito grande de identidade" VERDADEIRO, MAS precisamos entender que identidade é essa proposta pelo pastor. Cada grupo desse mosaico batista vai evocar para seu grupo a defensa da verdadeira identidade batista. Contudo, percebemos que muitas igrejas com nome de "igrejas batistas" realmente estão perdendo sua identidade com qualquer grupo batista que seja. Se for nesse sentido, esta correto. "você tem em igrejas batistas tidas como tradicionais, igrejas lideradas por apóstolos" EQUIVOCADO. Essa é uma percepção errada. Antes de dizer porque é uma percepção errada, cabe dizer que os batistas tradicionais, geralmente são os batistas estritamente denominacionais, identificados e cooperados em torno da Convenção Batista Brasileira (CBB), com uma liturgia considerada clássica. Essa é uma alcunha aceita por alguns desses batistas, mas não evocada ou reivindicada por eles, a priori. Igrejas que seus ministros se auto intitularam apóstolos deixaram de ser uma igreja batista, na opinião dos batistas tradicionais. Além disso, igrejas que o ministro se auto intitula apóstolo geralmente saem do rol de igrejas filiadas a CBB ou são desligadas em assembleias denominacionais. De fato, ter um apóstolo no meio de igrejas "tradicionais" na verdade seria um baita desconforto para os batistas que são chamados de tradicionais; de sorte que essa afirmativa não é só equivocada, como injusta. A própria Ordem dos Pastores Batistas do Brasil em seus documentos oficiais, veda que seus associados adotem tal título. Por tanto, não é uma informação verdadeira. "o batista reformado, ele é alguém que está voltando a sua origem dos batistas" EQUIVOCADO. Essa é uma percepção errada. É importante dizer que na história dos batistas, tanto na brasileira quanto na inglesa, nunca foi usado a alcunha de "batista reformado". Essa alcunha começa a ser vista apenas de maneira pontual na década de 1960, evocando a tradição dos batistas particulares (de linha calvinista), e parece sempre flertar com doutrinas de outras denominações reformadas. A origem batista não necessariamente é calvinista. Essa é uma percepção equivocada, seja na realidade inglesa, quanto na realidade brasileira; como se ambas fossem de origem tão somente calvinista, o que sabemos que não é. Por tanto, se a frase fosse "o batista reformado, ele é alguém que está voltando as origem dos batistas particulares", aí a afirmativa seria verdadeira. "a primeira declaração de fé de uma convenção batista, ela é reformada" CONFUSO. Qual? Ele não diz qual? Seria a primeira declaração batista, proferida por Thomas Helwys em 1611? Os batistas reformados, remontam uma identidade de batistas calvinistas, logo impossível ser a declaração de Helwys. A primeira Declaração de Fé Batista não é calvinista, por tanto, não é para este grupo, uma "declaração batista reformada (calvinista)". Por isso a fala esta confusa. Se for na perspectiva brasileira, seria a Confissão de Fé Batista de New Hampshire? Aquela que diz no tópico de salvação, que "cremos que as bênçãos da salvação são colocadas à disposição de todos pelo evangelho"; por tanto, uma leitura de expiação ilimitada, que diverge da posição calvinista? Em um dado momento, a fala parece não mais preocupada em dar conta de uma resposta comparativa, e parece ser tocado como um vídeo tutorial em defesa do batista reformado. "há dois séculos, toda igreja batista possuía presbíteros" INSUSTENTÁVEL. Historicamente, as igrejas batistas não reconhecem o presbítero como um ofício separado do pastor ou diácono; é comumente considerado um sinônimo de diácono ou pastor, conforme Paul Fiddes defende em seu livro "A Leading Question: The Structure and Authority of Local Church Leadership". No Brasil, desde os pioneiros até o momento, a tradição batista histórica por aqui também gira entorno de dois oficiais: pastor e diácono. Contudo, é importante dizer que isso não é universal nos círculos batistas. Há algumas igrejas batistas que são lideradas por anciãos, mas não se sustenta o argumento de voltar a origem ou ser tradicional seria defender uma eclesiologia que comporte um presbitério para além do diaconato e do ministério pastoral. A Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos não prescreve um padrão liderado por presbíteros, conforme Artigo VI da "Baptist Faith & Message", lista apenas pastor e diáconos, embora, fazendo uso da liberdade de autonomia local, algumas igrejas desta convenção utilizem esse modelo, mas não há base convencional para tal defesa. Outros ramos batistas (incluindo batistas reformados, que não são os pioneiros) adotam o presbitério, mas nem todos. O termo funcional 'presbitério' tem sido usado entre os batistas do sul dos Estados Unidos para denotar seu conselho de ordenação. No Brasil, apenas os batistas reformados defendem, salvo raríssimas exceções. Nenhuma outra tradição batista em território nacional usa esse modelo. Por tanto, ao fazer a defesa desse modelo destacando os batistas reformados, o vídeo deixa de ser um "tira dúvidas" comparativo para ser panfletário. "resgatar essa maneira bíblica de liderança de igreja, né? Aonde você não tem apenas um pastor, mas um grupo de presbíteros" INSUSTENTÁVEL. Tanto biblicamente no entendimento da tradição batista no brasil, quanto historicamente falando, esse modelo nunca foi adotado aqui pelos batistas pioneiros e toda sua trajetória até hoje, referenciando-se na história da CBB e de outros grupos batistas históricos por aqui. Há casos isolados? Sim! Mas a exceção não é regra. Por tanto, os batistas considerados ou chamados de "tradicionais" jamais usam o modelo de presbitério. "A típica, a tradicional igreja batista, é muito difícil definir isso" INSUSTENTÁVEL. Na verdade, se tem uma coisa que batista reformado não é, é ser tradicional. Os batistas que são chamados tradicionais, são os batistas tradicionalistas, conservadores, que mantem a tradição batista de liturgia, utilizando até hoje o Cantor Cristão, mantendo-se fiel a cooperação na CBB, mantendo suas organizações históricas, o modelo eclesiástico congregacional, com apenas dois oficiais: diácono e pastor. Uma igreja não sacramentalista, que faz de tudo para não ter resquício de romanismo. Geralmente alguns reformados ocupam seu tempo na rede para levantar críticas, muita das vezes infundadas a cooperação em todo da Convenção Batista Brasileira, dando luz a questões controversas que fogem ao seu controle, dado a complexidade que essa cooperação se materializa. Os chamados de batistas tradicionais, pelo contrário, tecem as críticas, mas com zelo e preocupação com a denominação expressa na cooperação, caso das convenções e associações. Os batistas tradicionais acreditam firmemente em igrejas como comunidades autônomas locais, com a total separação entre igrejas e estado. Em geral não aderem a expiação limitada. Rejeitam o neopentecostalismo, a pregação motivacional e são intransigentes quando ao defesa de sua visão memorialista da Ceia do Senhor e ao Batismo apenas por imersão, ministrados apenas para quem conscientemente professa a Fé em Cristo. Dentro dos tradicionais, você encontra fundamentalistas e conservadores, mas em geral, ambos os grupos vão concordar com as prerrogativas acima, muito embora alguns sejam landmarkistas e dispensacionalistas, isso nunca foi motivo para celeumas com quem tem uma visão diferente dessas posições. Muitos batistas reformados, não são tão intransigentes na defesa desses pontos apresentados. Não quanto são os batistas chamados de tradicionais. |
SOBRE O CHECAMOSO blog "Checamos" é um blog do Memória dos Batistas que repercute falas sobre história, doutrina e princípios batistas, afim de informar para a nossa audiência uma análise do que foi falado sobre o tema.
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