A Verbum Publicações acaba de lançar o livro "Arminiano e Batista: Explorando Uma Tradição Teológica", a qual agradecemos o envio de um exemplar para realização desta resenha. O autor é J. Matthew Pinson, presidente de Welch College em Nasheville no Tennessee, Estados Unidos. Tem mestrado em Ciência da Religião por Yale e Doutorado por Vanderbilt. O livro aborda a tradição teológica dos primeiros batistas na Inglaterra, com atenção especial à teologia desenvolvida a partir de um personagem central entre eles: Thomas Helwys.
A obra tem o título “Batista e Arminiano”, justamente porque Helwys estava influenciado pela teologia arminiana, após seu contato com arminianos e menonitas durante seu refúgio na Holanda, antes de regressar para a Inglaterra e estabelecer congregações locais que são reconhecidas historicamente como as primeiras igrejas batistas. Algumas considerações importantes sobre o livro se fazem necessárias. A primeira é destacar que o livro está mais preocupado em explorar a tradição teológica do que em narrar a história dos batistas. Obviamente, para falar da tradição teológica, é necessário, em dado momento, perpassar por questões de contexto histórico, mas a pretensão da obra não é ser um compêndio histórico, e sim um livro que explora aspectos teológicos — e, nesse sentido, ele o faz de maneira primorosa. Outra consideração importante é que o livro traz, no capítulo 7, uma evocação do Credo Niceno. Vale ressaltar que, nos Estados Unidos, os batistas do Sul têm debatido a adoção de credos, além de sua Declaração Doutrinária (a Mensagem de Fé Batista — em inglês: Baptist Faith & Message 2000 – SBC). Historicamente, os batistas nunca adotaram credos formalmente em suas assembleias. Trata-se de um movimento que, historicamente, me parece estranho, já que os batistas nunca se preocuparam em se parecer com os católicos apostólicos romanos nesse aspecto. Ter confissões e declarações já seria mais do que suficiente para quem tem a Bíblia como única regra de fé e prática. O capítulo que trata da teologia de John Wesley deve ser lido com atenção. A influência da teologia wesleyana sobre um grupo de anglicanos não deve ser tratada como influência sobre o movimento precursor dos batistas — até porque isso não é possível, nem do ponto de vista cronológico, nem no que diz respeito ao desenvolvimento da tradição batista geral como um todo. Em linhas gerais, isso não significa que a teologia wesleyana tenha fundamentado ou moldado a teologia dos batistas gerais na Inglaterra. A própria leitura do livro nos conduz à compreensão de que os batistas gerais fundamentam sua teologia no arminianismo clássico dos holandeses — esse é um ponto que não deve ser desconsiderado, e o autor, de fato, se dedica a contextualizá-lo. É importante ter isso em mente. É basicamente um “ok, anotado”. O livro também responde a inquietações que, por vezes, são levantadas nas redes sociais, frequentemente acompanhadas de acusações infundadas sobre a tradição teológica dos batistas gerais — ou melhor, dos primeiros batistas —, entre elas a alegação de que seriam semipelagianos. Ao se debruçar sobre o assunto, fazendo uso de fontes primárias — como as declarações e confissões de fé desses batistas arminianos — e comparando-as, inclusive, com escritos de Calvino, o autor, por meio dessa análise, conduz o leitor à compreensão de que se trata de uma acusação infundada. Esse é apenas um exemplo. Podemos citar outros pontos de defesa apresentados pelos batistas arminianos no livro, como os fundamentos centrais da fé cristã — entre eles, a doutrina da Trindade. Não foram poucas as vezes em que circularam histórias distorcidas afirmando que os batistas arminianos não seriam trinitaristas. Pinson demonstra, de forma clara, que os batistas arminianos são, sim, trinitaristas — e, obviamente, sempre foram. O livro conta com três apêndices sobre teologia arminiana que, no entanto, não têm relação direta com a análise da tradição arminiana entre os batistas. Aqui já se trata do arminianismo clássico, puro e simples. Daí em diante, é por sua conta! Concluo dizendo que o livro dedica um bom tempo (até demais) se esforçando em explicar o contexto no qual os batistas gerais — uma tradição importante e precursora entre os batistas — estavam inseridos. Alguns capítulos fazem isso primorosamente. Outros se detêm em explicar que tipo de arminianismo os influenciava. Enfim, para gregos e troianos — ou melhor, para calvinistas e arminianos — eu recomendo. Afinal, para se falar de alguma coisa, contra ou a favor, é preciso antes conhecê-la, não é mesmo? É como disse Timothy George, Reitor fundador da Beeson Divinity School de Samford University: Pinson dá nesse livro um relato convincente de um arminianismo que é ao mesmo tempo reformado, clássico e evangélico. Alguns calvinistas encontrarão aqui um grupo de primos de primeiro grau que eles nunca souberam que tinham, e alguns arminianos descobrirão uma fé mais robusta, cuja diferença em relação ao calvinismo difere apenas “da largura de um fio de cabelo”, conforme afirmou o Sr. Wesley. Boa leitura! |
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Maio 2025
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